AS TRÊS FILHAS – HIS THREE DAUGHTERS

Cartaz do filme AS TRÊS FILHAS – HIS THREE DAUGHTERS

Opinião

É verdade que AS TRÊS FILHAS dialoga intimamente com cada um de nós porque toca em assuntos universais como família, morte, relacionamento entre irmãos. Praticamente não temos como escapar disso, pro bem e pro mal. Mas também é verdade que fica muito fácil recusar este tipo de filme. Tocar nessas questões delicadas, que muitas vezes beiram a impaciência e a intolerância, incomoda — e, pra quem está esperando um filme com mais ação, vai se incomodar ainda mais. Afinal, o que se tem aqui é reação entre irmãos, num filme intimista que pede calma do espectador. Irmãos reunidos não se traduz em harmonia, afinal a experiência mostra que são pessoas diferentes, reunidas pelo vínculo familiar e não por afinidade.

Fico com a primeira hipótese, porque é uma oportunidade de se ver ali de alguma maneira. E o convite começa com o título, pra variar. No original, ele sugere que o pai, que está no leito de morte, já em estado terminal e em cuidados paliativos, é quem observa as três filhas. Originalmente, o título é “Suas três filhas” e fico pensando o porquê da omissão deste detalhe tão importante, que joga luz no personagem que rege a orquestra desafinada das três mulheres confinadas no apartamento da família, esperando a hora da morte do patriarca.

Katie, Christina e Rachel são irmãs por parte de pai. As duas primeiras têm a mesma mãe, que morre, o pai casa com outra e tem a terceira filha, Rachel. É a caçula que cuida do pai doente, mas na hora da morte a reunião das três no apartamento da família traz à tona as diferenças, os vícios das relações, os ressentimentos. É comovente observar como tudo se desenrola, como há a necessidade de reafirmar uma imposição e um papel que já está solidificado. Mesmo que ele não traga benefícios. Ficar no lugar conhecido da relação é menos arriscado do que dar o braço a torcer e mudar. É essencialmente sobre mudança, diante da inexorável condição que a vida nos apresenta.

 

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