AS AVENTURAS DE TINTIM – The Adventures of Tintim: The Secret of the Unicorn
Opinião
Conheço o personagem Tintim o mesmo tanto que muita gente. Ou seja, quase nada, a não ser que o repórter aventureiro foi criado pelo autor belga Hergé em 1929, que é uma verdadeira febre na Europa e chega a fazer parte da sua identidade. Isso não quer dizer muita coisa, só significa que não era minha leitura predileta (eu bem que preferia quadrinhos mais brasileiros) – muito embora, eu sei, seu fã clube seja imenso por aqui e muita gente tenha realmente o Tintim e suas aventuras como referência de infância.
Digo isso para que ninguém se intimide e vá assistir mesmo fazendo parte desse meu time de “iniciantes” no assunto. Tem muita gente dizendo que o Tintim da telona não tem o mesmo brilho do garoto curioso e sempre bem sucedido dos quadrinhos. Ora, mesmo quem tem repertório para dizer isso, que me desculpe. Eu digo humildemente que não tenho, mas acho que estamos falando de coisas diferentes. Uma coisa é o traço original de Hergé, que criou suas histórias até morrer em 1983 e encantou gerações; outra coisa é a adaptação aos olhos de Steven Spielberg (também de Cavalo de Guerra, A Lista de Schindler), com tecnologia digital e recursos inimagináveis, nos tempo de hoje em que é preciso ter agilidade, dinâmica, técnica e talento para fazer bom cinema e atrair um grande público.
Sei também que os puristas reclamam da junção de três histórias para fazer o As Aventuras de Tintim que está nos cinemas. Mas você há de convir que adaptações são assim mesmo, têm algumas licenças artísticas, são vistas por outro olhar que não o do criador e precisam ser “interessantes” aos olhos do consumidor-espectador. Pelo que entendo – e pelo que senti ao assistir ao filme (e o “sentir” é o que importa neste caso) – isso não prejudica em nada o espírito destemido e aventureiro do jovem repórter, de seu fiel escudeiro Milu e do parceiro capitão Haddock, um beberrão e atrapalhado incorrigível, mas bom sujeito. Pelo contrário, adiciona aspectos que enriquecem e atualizam a trama. A produção feita com o recurso motion caption, que capta movimentos de atores reais para em seguida serem digitalizados e animados, deu ao filme uma impressionante noção de realidade. Por diversas vezes esqueci completamente que assistia a uma animação, tamanha a perfeição.
E eu diria mais, As Aventuras de Tintim é um filme delicioso de assistir, tem sequências impressionantes (a primeira cena da feira na praça, a cena da perseguição no Marrocos – lembra Indiana Jones –, o deserto, a batalha no navio), que fica difícil dizer que o filme não tem alma. Tem, vale a pena, fala com os jovens de hoje, conta uma história muito bacana, tem um herói otimista e com iniciativa e coloca o Tintim no radar daqueles que não tinham noção do que esse garoto do topete é capaz.
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