ANDERSON SILVA – COMO ÁGUA – Like Water

Cartaz do filme ANDERSON SILVA – COMO ÁGUA – Like Water

Opinião

Este comentário é para pessoas como eu, que não entendem nada de luta, muito menos de MMA ou artes marciais mistas (sigla em inglês), muito menos ainda da dinâmica e política do torneio UFC (Ultimate Fighting Championship). Como se isso não bastasse, também acho que este comentário pode fazer sentido para aquelas pessoas que, assim como eu, não veem graça, nem emoção, numa luta de “vale tudo” que Anderson Silva, o protagonista deste documentário, pratica. Portanto, quem entende, aprecia, acompanha os torneios do UFC mundo afora, vai achar que eu realmente não tenho o que dizer sobre o assunto. Nesse ponto, terão razão.

Considerando isso, constatei que Anderson Silva – Como Água pouco acrescenta a pessoas como eu, sem conhecimento de causa. Não explica as regras do esporte, não fala do torneio em si, nem sequer conta a história do próprio lutador ou fala sobre as razões da sua vitória na fatídica luta retratada neste filme – que golpe foi esse que derrotou o adversário mesmo depois de ser massacrado durante a maior parte do tempo? Concentra-se no episódio específico da sua defesa do título mundial contra o arquirrival americano  Chael Sonnen, em 2010. Invicto, Anderson Silva é incontestavelmente o número 1 e fez questão de adotar uma política diferente daquela esperada pela organização do evento naquela ocasião: não entrou no jogo político do UFC, não aceitou as provocações públicas do adversário e concentrou-se na sua preparação, feita nos Estados Unidos, para a defesa do cinturão. Todo essa panorama de preparação, politicagem, entrevistas coletivas é retratado no filme, além, é claro, da luta em si, que termina com a vitória de Anderson Silva.

Na entrevista coletiva após a exibição do filme, Anderson Silva adota a mesma postura que mostrou durante as filmagens do documentário. Diz ser avesso à intrigas, concentrado na técnica, voltado ao esporte e à família. Com essa postura “indiferente” – entre muitas aspas – além de deixar impaciente os adversários e organizadores que querem tirar proveito das declarações, controvérsias ditas em público e eventuais escorregões dos atletas, Anderson faz seu próprio marketing pessoal, constrói sua imagem de bom moço em contrapartida à arrogância do adversário, lança um filme, sai na capa de revista e ganha notoriedade fora do octógono. O subtítulo Como Água se refere à adaptação que devemos ter de acordo com as diferentes situações da vida, ao fato de ser preciso moldar-se, como a água, ao recipiente da vez, para então ser vencedor. Anderson Silva não se moldou ao esquema, montou sua estratégia essencialmente marketeira para ganhar mídia, também fora do reduto dos seguidores das lutas marciais mistas. Sem tirar o mérito do atleta (ele é o campeão, afinal de contas, e tudo indica que realmente um fenômeno), o filme não é um documentário. É uma peça publicitária.

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