A VIDA DURANTE A GUERRA – Life During Wartime

Cartaz do filme A VIDA DURANTE A GUERRA – Life During Wartime

Opinião

Assisti támbém a Felicidade, o filme de 1998 de Todd Solondz – tive que reeditar o começo deste texto depois que isso aconteceu. E faço o alerta: é muito interessante assistir aos dois,  já que é evidente que A Vida Durante a Guerra é um tipo de releitura dos mesmos temas. Algumas cenas têm até o mesmo cenário, o mesmo formato; alguns personagens, o mesmo nome. Segundo o diretor, por que não revisitar algumas cenas se ainda há muito o que dizer? Os assuntos abordados, que não são nada fáceis, nem triviais, permeiam entre a pedofilia, o abuso sexual, a dependência por medicamentos, a infância roubada, a esquizofrenia, a hipocondria da sociedade, a falta de entendimento na família, a falta de autoconhecimento, a necessidade da fuga de si próprio. Tudo isso temperado com muita ironia e humor negro, numa verdadeira desconstrução da família e do indivíduo.

Diante de tudo isso, fiquei pensando que ‘guerra’ seria essa no título. Os personagens mencionam o país em guerra, por causa do Iraque, mas com tantos temas polêmicos, reforçados ainda mais pelos fantasmas do passado que perturbam a vida de cada um dos personagens, a guerra passa para o lado psicológico e emocional da vida. Como lidar com tantas questões internas, com o passado que não se resolve, com as crianças que já nascem no mundo adulto? De tanta paranóia, os personagens chegam a cansar. Mas eles se cansam deles mesmos, ficam exaustos. Senti que eles não aguentam mais o seu questionamento, as suas loucuras internas. A primeira sensação é de rejeição ao filme – afinal, são temas difíceis. Mas passados alguns dias, percebi que a reflexão fica, o incômodo permanece e que é essa a intenção de Solondz. Realmente questionar que mundo é esse e que relações são essas que construímos.

Isso se estende também para a religião. Ele coloca em xeque as tradições judaicas, os fatores de identificação do povo e a falsa ideia de que isso realmente possa trazer o entendimento entre as pessoas. Seu sarcasmo é muito contundente. Se estiver disposto a levar alguns chacoalhões, é bem interessante. Mas não é um filme fácil de engolir.

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