A PELE DE VÊNUS – La Vénus à la Fourrure

Cartaz do filme A PELE DE VÊNUS – La Vénus à la Fourrure
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Opinião

Quem não gosta de teatro, não adianta nem assistir. Diferente do último filme de Roman Polanski, Deus da Carnificina, que era teatral, mas não tinha como cenário o teatro propriamente dito, este é pura encenação e dramaturgia. A história vem de um livro de Sacher-Masoch (daí vem o termo masoquismo), adaptado pelo dramaturgo americano David Ives para o teatro, e agora reescrita para o cinema por Polanski. É genial, mas não é pra todo mundo. Eu diria que quem quer refletir sobre o poder de um sexo sobre o outro, sobre a oposição masculino e feminino, realidade e ficção, sobre a obsessão, vai se deliciar.

Ainda mais porque cinema de um cenário só, com dois atores que se alternam na liderança do diálogo, da sedução e do poder, não é coisa que qualquer um sabe fazer. Polanski constrói personagens com viés subliminar, onde o explícito fica implícito e é preciso ser muito fera para atuar com tanta força e sutileza ao mesmo tempo. No comando inicialmente está Thomas (Mathieu Amalric, também em O Escafandro e a Borboleta), um diretor de teatro que marca uma audição para selecionar uma atriz para o papel de Wanda, personagem do livro de Sacher-Masoch. Quando ele já está encerrando sua agenda, surge uma atriz atrasada e afobada, que insiste em mostrar quer está preparada para o papel. Coincidentemente ela também se chama Vanda, como a personagem, sabe as falas de cor, julga o texto machista, pura luta de classes e de sexo. Emmanuelle Seigner (também em O Escafandro e a Borboleta) é perfeita no papel da mulher sedutora, que sabe exercer seu poder, dominar, inverter os papéis e se transformar ora em ficção, ora em realidade.

Bem menos palatável do que Deus da Carnificina, é bem menos ainda do que O Escritor Fantasma, A Pele de Vênus é pra quem curte palco e dramaturgia. Emmanuelle é casada com Polanski e é bem curioso vê-la muitas vezes assumindo o papel da diretora da peça – palpita na iluminação do cenário, na cenografia, na postura de Thomas como ator, que passa com ela o roteiro da peça. Fora toda a intimidade da encenação, o que mais gosto é a capacidade de fazer realidade e ficção se encontrarem num poço profundo e sem possibilidade de retorno. Não é pouca coisa e não é pra qualquer um.

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