A NEGOCIAÇÃO – Arbitrage
Opinião
Robert Miller é ambicioso, bilionário. Quer lucro a qualquer custo, desde que não manche a sua reputação de homem de negócios. Mesmo na situação mais extrema, vale tudo para se safar, culpar o outro, manter as aparências. Muito já foi dito no cinema e na vida real sobre essa maneira implacável de fazer negócios. O documentário Trabalho Interno, sobre a crise financeira de 2008 mostra bem os bastidores das decisões irresponsáveis e gananciosas dos executivos. Esta é mais uma história, mas tem força, ritmo, consegue entreter. Manteve-me atenta aos movimentos do personagem de Richard Gere (também em Rapsódia em Agosto, Sempre ao Seu Lado, Uma Linda Mulher, Dança Comigo) e ao seu olhar cortante e decidido a negociar. Sempre talentoso (inclusive foi nomeado ao Globo de Ouro 2013).
A Negociação é um thriller, com suspense. Enroscado até o último fio de cabelo nos negócios escusos e balanços forjados, o bilionário Robert tem vida dupla. Um acidente quebra o ciclo e decisões precisam ser tomadas para que ele continue se dando bem. Claro que seu discurso humanitário, de protetor da família é balela – como bem diz sua esposa Ellen, também boa negociadora (Susan Sarandon, também em O Solteirão, Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme, Thelma & Louise). Robert é o personagem símbolo da ganância sem limites dos empresários e investidores que querem sempre mais, que se escondem atrás da cortina de fumaça da filantropia e não medem esforços para ter mais poder.
Nada de discurso moralista da minha parte. Fato é que o filme mostra bem isso e faz um mix equilibrado entre o público e o privado, entre o profissional e o pessoal e o peso que cada um deles tem quando se trata de tomar decisões de vida ou morte de um negócio. Cria-se uma expectativa no decorrer da narrativa sobre o destino final de Robert e o desfecho escolhido pelo roteirista e diretor Nicholas Jeracki me agrada neste seu primeiro longa. Sem romantismo, com realismo. E frieza.
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