A GUERRA DOS BOTÕES – La Guerre des Boutons
Opinião
O livro A Guerra do Botões, do escritor francês Louis Pergaud, foi publicado pela primeira vez em 1913. E de tão boa, a história já foi adaptada três vezes para o cinema, em 1936, 1962 e 1994. História boa é assim, vai rendendo várias leituras. Ainda mais quando se trata de um tema universal e atemporal como é a infância e tudo o que vem com ela.
Ambientado na década de 1960, esta adaptação do francês Yann Samuell me fez rir, principalmente com a doçura dos personagens. São doces, ingênuos e ainda puros, mesmo quando envolvidos na guerra ferrenha com a aldeia vizinha. Em parte pode ser pela opção do diretor de escolher o elenco entre atores-mirins não profissionais, moradores da região onde se passa a história, no sul da França. Até mesmo o grande líder da turma, William Lebrac (Vincent Bres) faz sua estreia, ao lado da sua “parceira” Lanterne (Salomé Lemire). Juntos eles lutam com unhas e dentes contra as crianças e pré-adolescentes da aldeia vizinha, sendo que a grande punição dos perdedores e prisioneiros é perder seus botões e consequentemente suas calças, suspensórios, camisas… Portanto, uma guerra de estilingues, de perdas e ganhos, descobertas e surpresas, liderança e decepções. Um microcosmos da vida adulta que virá mais pra frente.
A Guerra dos Botões tem essa delicadeza e graça que realmente encantam – típico dos filmes que remontam à infância e à sua bela fase de experimentação – lembra um pouco o bando de O Pequeno Nicolau. Apesar da falta de compreensão dos racionais adultos, o filme tem uma graça extra na figura do professor, que também rivaliza com seu colega do vilarejo vizinho e dá uma sutil e inteligente mostra do valor não só da educação, mas do recurso humano e da relação mestre-aprendiz. Cumplicidade, eu diria, é a palavra de ordem. Na “guerra”, na descoberta da sexualidade, na fidelidade, na amizade. Um bom programa de férias com as crianças.
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