Opinião

O enredo de A Esposa não tem lá muitas novidades: Joe (Jonathan Pryce) é um escritor renomado, acaba de receber a notícia de que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura e está eufórico. Sua mulher também. Próximo passo é embarcar pra Estocolmo pra receber o prêmio mais cobiçado do mundo.

O especial do filme do sueco Björn Runge está nas sutilezas que se descortinam a partir de um ritual bastante óbvio, na interpretação profunda de Glenn Close. Só é impactante por causa disso – porque o fato de ela, como esposa de celebridade, sentir-se em segundo plano é algo bastante corriqueiro. Glenn Close (também em Albert Nobbs), transmite a complexidade dos sentimentos guardados durante décadas com tamanha intensidade que todos os prêmios abocanhados – já começou com o Globo de Ouro de melhor atriz – serão totalmente justificados.

A Esposa fala sobre a mulher, seus papéis e a dificuldade de mudar as posições já sedimentadas pelo modus operandi da nossa sociedade. Aqui, é sobre escritores – e a metáfora é boa. Um é invisível pro outro brilhar. Mas cada um tem que ter espaço pra escrever a sua própria história.