Opinião

Se o que a equipe de A Entrevista era gerar curiosidade, conseguiu. Confesso que fui assistir por causa da polêmica que o filme gerou na Coreia do Norte. A Sony suspendeu a noite de pré-estreia nos Estados Unidos por ameaça de retaliação por parte do líder autoritário daquele país, já que ele se sentiu ofendido com o filme dirigido e escrito por Evan Goldberg e Seth Rogen (protagonista ao lado de James Franco, também de 127 horas). Se tem razão ou não, isso é outro problema. Fato é que o filme é um deboche do começo ao fim, muitas vezes de gosto bem duvidoso. Está visto, mas poderia muito bem ter passado sem esse.

Os personagens de James Franco e Seth Rogen trabalham juntos em um canal de televisão. Franco é o apresentador David Skylark, dono de um programa que entrevista celebridades e que foca, basicamente, em notícias sem sentido, sem qualquer valor, o chamado besteirol. Rogen é Aaron Rapaport, seu fiel produtor e amigo-conselheiro. Ao saber que o presidente norte-coreano Kim é fã de seu programa, trata de conseguir uma entrevista com o sujeito. Consegue, mas tem que ir até a Coreia do Norte. Aproveitando a deixa, o serviço de inteligência americano aproveita para dar à dupla a missão de eliminar o ditador de uma vez por todas.

O que acontece – e isso é totalmente previsível – são trapalhadas do começo ao fim. Gosto do trabalho de Seth de uma maneira geral (tem atuações engraçadas, como em Vizinhos, e consegue ser dramático em Entre o Amor e a Paixão). Mas James Franco aqui é demais da conta. Chega a ser irritante, ainda mais porque faz o papel de um sujeito arrogante e dono da verdade – o que ressalta ainda mais essa sua postura).

Se a ideia foi causar polêmica, seguida de curiosidade, pode até ter conseguido. Mas o trabalho que está na tela não vale essa atenção toda e seu eu fosse o presidente Kim, teria coisas mais importantes pra fazer do que me preocupar com filmes como este.