A BELA VIDA – LE DERNIER SOUFFLE

Opinião
O último suspiro (Le Dernier Souffle) do título original em francês se transformou em UMA BELA VIDA na versão brasileira. Embora seja uma adaptação e não uma tradução, o sopro se perde. Mas o argumento dos cinéfilos que lotaram a sessão do CINECLUBE CINE GARIMPO me fez mudar de ideia: pensar que ainda é vida o momento da passagem, é pensar na sua beleza. Verdade, acho que funciona.
E funciona porque esta obra do diretor greco-francês Costa-Gavras traz a experiência de um médico paliativista e de um filósofo, que estão em constante aprendizado sobre o que é viver este momento como profissional da saúde, pensador e seres humanos. Através dos olhos do Dr. Augustin Masset, entramos em cada uma das histórias particulares de cada paciente, dos medos e temores, também de seus familiares; através do filósofo Fabrice Toussaint, o pensamento relativiza, teoriza e exercita a observação do comportamento humano daquele que sofre uma doença que ameaça a vida — mas também daquele que teme a perda do ente querido. Através do conhecimento e experiência da jornalista Juliana Dantas, sócia e diretora de comunicação do Movimento inFINITO, cofundadora e diretora do Instituto Ana Michelle Soares e jornalista da Eu Decido, a primeira associação civil brasileira pelo direito à morte assistida, percorremos os meandros de um assunto silenciado para melhor entender em que pé estamos quando falamos em cuidados paliativos, suicídio assistido, eutanásia.
No Cineclube CG, faz-se o diálogo. Compartilhamentos de vida e morte dão voz a medos parecidos, histórias tão particulares quanto semelhantes. UMA BELA VIDA é ficção e, por isso, tem doses de romantismo, mas nem por isso menos didática, ilustrativa e simbólica quando se pretende jogar luz em um assunto abafado. Um diálogo que se abre com o filme que Costa-Gavras faz no auge dos seus 90 anos, refletindo sobre a própria futura digna morte.
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