GAINSBOURG – O HOMEM QUE AMAVA AS MULHERES – Serge Gainsbourg (Vie Hérooïque)

Cartaz do filme GAINSBOURG – O HOMEM QUE AMAVA AS MULHERES – Serge Gainsbourg (Vie Hérooïque)
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Opinião

“Amo demais Gainsbourg para trazê-lo para a realidade. Não são as  verdades que de Gainsbourg que me interessam; são as mentiras.” –  J. Star

 

Seriam mentiras ou parte da imaginação e do processo criativo de Gainsbourg? Depende do ponto de vista. Para cada uma das mulheres com quem se envolveu intensamente (e não foram poucas, como diz o subtítulo), são mentiras, contadas aos outros, mas principalmente a ele mesmo. Mas isso pouco importa. Se não fosse pela sensibilidade plástica do diretor e cartunista Joann Star, Gainsbourg – O Homem que Amava as Mulheres seria uma biografia. Com uma boa história, sem dúvida. Mas é mais que isso, já que tem um senso estético, jogo de luz e sombra espetacular e uma elegância sutil ao usar elementos fantásticos como o alter ego do compositor, com os esteriótipos com os quais ele próprio não conseguia conviver. É preciso ter classe para usar tais recursos sem parecer piegas – talvez isso venha da sua familiaridade com a ilustração. É de uma sutileza que ajuda a entender, do lado de cá da tela, aquilo que nem Gainsbourg entendia: ele mesmo.

Fumante, beberão e mulherengo inveterado, Serge Gainsbourg foi um compositor, ator, cantor, diretor de família judia. Embora se recusasse aprender piano, desde criança mostrou talento para a pintura, que mais tarde acabou deixando em favor da música. Na Paris ocupada pelos nazistas na infância, Gainsbourg apropriou-se da vida da capital francesa quando adulto, causando escândalos com a ousadia de suas canções, com o envolvimento com mulheres famosas, entre elas Juliette Gréco (Anna Mouglalis, também em Coco Chanel & Igor Stravinsky), com uma vida desregrada, descontrolada e principalmente destemida.

Com cigarro na boca e copo na mão, compunha, cantava e tocava em cabarés e bares parisienses, sem se importar com normas de conduta ou críticas, no auge dos anos 60. Compunha simplesmente. Je t’aime… Moi Non Plus foi uma das canções compostas por ele e revisitada tantas vezes no decorrer dos anos, que causou escândalo. Composta a princípio para Brigitte Bardot (Laetitia Casta), foi gravado por Jane Birkin (Lucy Gordon, também em Bonecas Russas), com quem se casou (a atriz Charlotte Gainsbourg, de Melancolia e Anticristo é fruto dessa união).

Gainsbourg – O Homem que Amava as Mulheres já não está mais em cartaz, nem faz menção à vida heroica do título original. Resta esperar que chegue nas locadoras. Mas é imperdível não só do ponto de vista plástico e estético – que por si só já é uma maravilha. Mas também é bacana pela abordagem humana, recheada de altos e baixos, de instabilidades. Sem falar na qualidade musical, que mistura jazz, blues, reggae, e encanta com as canções, ritmos e poesias. Sua versão de La Marseillaise é espetacular e mostra, por si só, toda a sua irreverência.

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