AMORES BRUTOS – Amores Perros

Cartaz do filme AMORES BRUTOS – Amores Perros

Opinião

Fiz o caminho inverso, mas acho que no fim foi bom. Amores Brutos é o primeiro filme da trilogia de Iñárritu com o roteirista Guillermo Arriaga, seguido de 21 Gramas e do premiado Babel. Os três filmes são ligados não só pela sintonia diretor-roteirista, tão importante para a identidade e qualidade de uma produção, mas também – e eu diria, principalmente – pelo tema e formato. Através de histórias de vida fragmentadas e aparentemente desconexas, eles constroem um todo, um contexto de vidas confusas, desmanteladas, destruídas pelo acaso e que precisam urgentemente ser revistas.

Sendo o primeiro dos três, Amores Brutos é o mais sombrio de todos e tive a impressão de ser o menos lapidado, o mais bruto mesmo. Ironicamente é o que mais me lembra o recente Biutiful, por esse aspecto escuro, pelo submundo que retrata e esteticamente é o mais parecido (embora a história com Javier Bardem trate de um só personagem e sua trajetória).

Amores Perros (título original) faz alusão a um dos núcleos do filme – personagens da periferia que ganham a vida com briga de cães, intrigas, revanche, traição e violência. Outro personagem é um mendigo, que nem sempre foi pedinte e que colhe o resultado de suas escolhas na vida. Por fim, o lado rico da história, de gente famosa e bonita, da modelo e do publicitário, que também traçam seu caminho e a vida lhes impõe um duro e cruel desafio. Assim como em 21 Gramas, o gatilho para as histórias se cruzarem é um acidente de carro. A partir daí, nada mais será igual e a gente passa o filme querendo saber como tudo termina.

A ironia dos filmes de Iñárritu é que nada termina. Ele faz questão de deixar claro que o seu retrato na tela é uma fração da vida dessas pessoas, um resultado de suas ações e escolhas ou mero acaso. Acaso esse que pode ser muito cruel. O filme prende, embora seja bem mais longo (são 2h30), e vale a pena. Melhor ainda se você puder assistir à trilogia. Mas prepare-se, porque no universo do diretor mexicano parece não ter vida fácil.

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