DJ AHMET
Opinião
As histórias da Macedônia de Norte estão rodeadas de montanhas por todos os lados. Montanhas que se convertem em isolamento, que se traduzem em opressão e da força da tradição. É um cinema instigante, crítico e construído pra falar da cultura, da religião, da rigidez das relações sociais. DJ AHMET quebra a lógica quando traz o humor, a música e juventude como elementos que suavizam este olhar mais duro — que está presente, mas é pano de fundo para quebras de padrão tão necessários na lida com choques geracionais e conservadorismo.
Ahmet é um garoto de 15 anos que vive numa aldeia Yuruk na Macedônia do Norte. Isolado, mora com o irmão e o pai, precisa ajudar com os animais do sítio, proteger seu irmão que emudeceu depois que a mãe faleceu e ama música eletrônica. É na música que ele encontra um refúgio, já que não lhe resta opção a não ser obedecer aos mandos do pai. E é na música que ele também encontra Aya, uma jovem que mora na Alemanha, mas está de volta ao vilarejo. Está prometida para um sujeito que ela nem conhece, mas a ela também não resta opção além de obedecer e seguir a tradição.
Ahmet e Aya, na paisagem cênica das montanhas e na companhia de personagens interessantes e outros um tanto quanto pitorescos, vão viver uma aventura. Tem um clima jovial, dilui a dureza do mundo adulto na rebeldia da juventude e é um alento para o espectador que embarca em uma linda, divertida e original história pelas montanhas dos Balcãs.
Vencedor do Prêmio Especial do Júri na 49ª Mostra SP.

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