ALPHA

Opinião
ALPHA, de Julia Ducournau, é só pó. Um clima de apocalípse, ora nos anos 1980, ora nos 90. A diretora, que já ganhou a Palma de Ouro por Titane, diz que seu filme é essencialmente sobre “amor incondicional”.
Por um lado, é verdade: é ele que move a médica que tem que lidar com a dependência química do irmão e com sua filha ALPHA, que um dia chega com uma tatuagem estranha e perigosa no braço, atravessa uma fase de transgressões e desafios profundos. Por outro lado, tem hostilidade no ar, inclusive com um vírus misterioso que remete à pandemia da Aids naquelas décadas, que tira a humanidade das pessoas. A compaixão e a frieza formam o grande paradoxo de relações humanas intensas e extremas.
Enquanto personagem, ALPHA é forte o suficiente pra nos fazer sentir o que ela sente. Nos pesadelos e no bullying; no medo e nos apelos por um pouco de coerência neste mundo tão nebuloso e cheio de corpos — e mentes — destorcidos.
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