BABY
Opinião
BABY tem o cenário bem paulistano das pensões do centro da cidade, mas carrega um efeito neon pra também sinalizar a universalidade da realidade de quem está à margem da sociedade. À margem do que é socialmente aprovado, mas no centro do funil do preconceito. O protagonista, que antes de se apelidar de Baby é Wellington, acaba de sair do Centro de Detenção para jovens, perdeu de vista pai e mãe no tempo em que esteve recluso e não tem pra onde voltar.
Também não tem sua juventude de volta. Vaga por São Paulo, vai ao um cinema pornô, conhece o garoto de programa Ronaldo e se lança neste novo modo de sobrevivência.
Mas se esse panorama que desenhei já te lança para a criminalidade única e exclusivamente, temos aqui um bom exemplo de filme que quebra paradigmas — e nos ajuda a exercitar o olhar sensível e não cair na falácia de que uma história como esta só pode ser trágica, promíscua e indecente.
Definitivamente não. BABY é um filme sensível que nos distancia do abismo do preconceito e da história única que sempre tenta diminuir a expressão da arte. E da humanidade. Porque BABY é muito mais sobre uma sociedade que pune e não educa; que rotula e não insere.
Wellington representa o jovem que entra em contato com a criminalidade muito cedo, encontra seu próprio modo de vida, mas não desiste de formar sua rede de apoio emocional e afetivo. É sobre isso: sobre pessoas buscando seus caminhos, mostrando a diversidade da contação de histórias do cinema brasileiro.
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