SINFONIA DA SOBREVIVÊNCIA
Opinião
SINFONIA DA SOBREVIVÊNCIA me remete a esforço coletivo. Um movimento de um grupo de pessoas que precisa trabalhar de forma coordenada pra fazer a música acontecer. Aqui, a sinfonia é para apagar o fogo que queima o Pantanal, que já não é mais o mesmo. Diante das mudanças climáticas, já não alaga como antes, dando espaço para o fogo se alastrar. O que o diretor Michel Coeli faz é nos colocar neste palco, quente, insuportável, em brasa, onde provavelmente nunca pisaríamos, mas que precisamos enxergar.
Isso porque o Pantanal diz respeito a todos nós e Coeli quer deixar isso claro. É daqueles filmes focados, mas de temática universal. Ao acompanhar a minguada, porém corajosa e persistente equipe de bombeiros e voluntários que faz o trabalho inglório de tentar apagar o fogo de uma área gigantesca, deixa claro a dimensão do problema. Trabalha sempre na contradição do excesso de aridez e fogo, e da escassez de água e pessoal; do excesso de burocracia, da escassez de recursos financeiros e vontade política.
Mas recursos cinematográficos tem de monte. Ao jogar luz na fauna pantaneira, retrata também as vidas que se perdem nesse braseiro. O foco nos olhos dos animais, o empenho das equipes mobilizadas pra salvar uma ave, uma anta, uma onça é sinal de que precisamos ter esperança neste esforço coletivo. SINFONIA DA SOBREVIVÊNCIA, que ganhou o prêmio da crítica na Mostra SP, é documentário de denúncia. A ênfase desesperada do bombeiro é prova disso. Mas é também um chamado pra não perdermos a esperança no ser humano.
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