INDOCHINA – INDOCHINE
Opinião
Indochina é o nome do território colonizado pelos franceses na Ásia, por quase 100 anos. Chamava assim por estar espremido entre dois gigantes, a Índia e a China. Quando se dissolveu em 1954, deu origem a três países no sudeste asiático: Vietnã, Laos e Camboja. Tudo isso é pano de fundo da história de Éliane, proprietária de uma grande fazenda de seringueiras nos anos 30, representando o poderio francês na região e a política colonialista de exploração.
Catherine Deneuve é Éliane, em todo o seu esplendor. É ela quem comanda a fazenda de borracha e seus funcionários, com supervisão do pai. Mulher à frente do seu tempo, mesmo cheia de pretendentes no universo latifundiário e colonialista masculino, não se curva. É independente, adota Camille, uma menina órfã herdeira de terras e, com isso, aumenta ainda mais o seu império.
INDOCHINA dá conta de retratar todo esse universo da colônia francesa, da cultura, da paisagem, do clima e do figurino do sudeste asiático. Mas nem tudo é seringueira. O romance aparece na figura do marinheiro Jean-Baptiste, que desestabiliza o equilíbrio das vidas.
Vidas que obrigatoriamente já sofreriam revezes por causa das manifestações dos vietnamitas pela independência do domínio francês, que começa nos anos 1940 e vai mudar a face da Ásia. A vida de Camille, Jean-Baptiste e Eliane se mescla, revelando as relações sociais escravocratas, a exploração, o tráfico humano, a imposição da cultura cristã ocidental em detrimento das tradições locais – tudo de acordo com os interesses imperialistas econômicos da nação europeia.
O pano de fundo é histórico, mas a alma é de dramática. Acompanhamos a vida da bela Éliane, com suas dores e prazeres, se confundindo com a realidade da colônia que vai se transformar em três com a expulsão dos franceses. Uma beleza na paisagem e nas emoções. Um filme de história de família e de construção de uma identidade nacional. Um filme humano com desumanidades. Uma beleza.
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