LONDON RIVER – DESTINOS CRUZADOS – London River
Opinião
Cada vez mais se tem notícia de uma Europa multicultural, multiétnica, multifacetada. Cada vez mais se tem notícia das dificuldades de lidar com esse caldeirão de culturas e religiões, interesses e conflitos, invasões e expulsões. Cada vez mais a intolerância étnica e religiosa aparece como causa e consequência de conflitos, ataques terroristas ou simples desavenças cotidianas.
London River – Destinos Cruzados trata de todas essas diferenças, mas fala sobretudo das semelhanças entre os povos e da possibilidade de tolerância e entendimento diante das dificuldades. Toca na ferida do mundo globalizado também nos atentados terroristas, justo nesta semana em que vimos ameaças de bombas concomitantes em Paris, Berlim e Londres.
No filme, o cenário londrino é o fatídico 7 de julho de 2005, quando o explodem bombas em trens do metrô e em um ônibus, matando dezenas de pessoas na hora do rush. Uma senhora inglesa, que mora em uma ilha no Canal da Mancha, e um senhor africano, que imigrou para a França, buscam seus filhos, desaparecidos desde o dia do atentado. A fé e tradição da inglesa protestante se chocam com o islã, com o silêncio e submissão do imigrante negro. São várias os contrastes de cor, postura, discurso, idioma; do imperialista e do colonizado; da boa intenção e do preconceito. Sra. Sommers e Ousmane têm mais semelhanças do que imaginam e isso dá ao filme um bonito e generoso traço humano.
London River rendeu ao ator Sotigui Kouyaté o Urso de Prata de Melhor Ator em Berlim no ano passado e tem uma mensagem intrigante na cena final. Fica a dúvida até quando é possível nutrir esperanças de relações mais humanas; o que fazer quando a descrença é maior tudo, a ponto de desistirmos da luta pela preservação dos ideais.
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