Opinião

De novo o tema da meia-idade vindo à tona em Quem Você Pensa Que Sou, no retrato da mulher que se divorcia e precisa reestruturar a vida toda no novo formato. Juliette Binoche é a protagonista, atriz que já vem carregada de significado nesse caldeirão de personagens que ela já representou no cinema e na figura da mulher de verdade.

Claire toca a vida, é mãe e profissional, se libertou do casamento, tem um namorado mais jovem, mas dá a entender que já quer compromisso. As coisas não rolam como esperado e ela decide criar um perfil falso no Facebook, passando-se por uma mulher de 24 anos, a Clara. Com esse tema interessante da identidade virtual que tudo aceita, Quem Você Pensa Que Sou explora esse campo dos relacionamentos virtuais, de fingir ser alguém para atender às expectativas do outro para, enfim, já nem saber mais o que realmente se quer – aqui entra o acompanhamento da psiquiatra, como um espelho, no elemento mais interessante do filme. Claire e Clara se confundem nessa psicopatia, num roteiro que poderia ser mais forte do que é.

Quem Você Pensa Que Sou faz um retrato dessas várias facetas que a vida virtual permite. A vida dentro da vida, misturando realidade com fantasia, numa saída perigosa dos prazeres reais. Tudo vira ilusão. Até a realidade.