AS DUAS IRENES

Cartaz do filme AS DUAS IRENES

Opinião

Recentemente, Mulher Do Pai, de Cristiane Oliveira, também chamou a atenção pelo tom singelo e afetuoso, e pelo tema do rito de passagem. Pensando agora, tem também a semelhança do cenário da cidade do interior, das tradições familiares e do difícil que é quebrar padrões de comportamento. Mas o mais marcante gira em torno das protagonistas nos dois filmes: meninas adolescentes virando jovens adultas, buscando sua identidade e descobrindo nuances das relações familiares e detalhes da vida adulta que as mudarão para sempre.

As Duas Irenes tem uma beleza especial no recorte da primeira Irene que conhecemos – uma menina com rosto triste, cabisbaixa e aparentemente tímida, que descobre outra Irene, sua irmã de uma família que seu pai mantém escondida, em segundo plano. A segunda Irene, da mesma idade, é alegre e expansiva, falante e dona de si. A primeira busca a irmã como quem busca a si mesma – no rito de passagem de quem está prestes a sair da adolescência e da ingenuidade, de quem está disposta a se encher de coragem pra dizer a que veio.

Alias, coragem é a palavra. As Irenes vão se munindo de afeto e coragem pra virar o jogo. Singelo e bonito – inclusive poético – é daqueles filmes que dão ao cinema nacional o toque autoral que a gente tanto pede.

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