BINGO – O REI DAS MANHÃS
Opinião
“Alô, criançada, o Bozo chegou, trazendo alegria pra você e o vovô!” Quem viveu os anos 80, não tem como não lembrar do jingle. O Bozo aqui vira Bingo, por uma questão de direitos. Mas a história é fiel ao drama que viveu o palhaço que virou pastor, mas que antes de ser palhaço era ator de filme pornô. Vida interessante – e, no mínimo, inusitada.
Vladimir Brichta é impecável na pele do palhaço. Ator entusiasta, ex-marido atrapalhado e pai afetivo, Augusto (como Arlindo Barreto é chamado no filme) se vira como pode pra pagar as contas, atua em filmes duvidosos e nunca conseguiu um papel na principal emissora do país, a Globo (que aqui virou Mundial). É chamado para um teste na segunda emissora, o SBT, fica sabendo que estão selecionando um palhaço para apresentar um programa infantil que já é sucesso nos Estados Unidos e se candidata. Irreverente, pra dizer o mínimo, quebra o roteiro, sai do padrão determinado pela emissora e improvisa. Precisa fazer o público rir, senão não tem programa.
Consegue, fica famoso, ganha dinheiro e cai no triste lugar comum da falta de estrutura emocional pra lidar com tudo isso. Drogas, álcool e outros abusos tiram o palhaço de cena e, depois das reviravoltas que a vida dá, transformou sua vida numa outra história.
Saudosos dos anos 80, deliciem-se. A reconstituição de época é perfeita, a trilha faz cantarolar junto e a narrativa, por si só, já é uma história de vida e tanto. Adoro Leandra Leal no papel da produtora do programa. Sempre impecável, é coadjuvante, mas peça fundamental no desfecho do drama.
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