JACKIE
Opinião
Duas holandesas gêmeas são filhas de pais gays e recebem a notícia de que sua mãe biológica, aquela que foi barriga de aluguel, está doente nos Estados Unidos. Como são as únicas familiares, precisam levar a mãe, Jackie, para um centro de reabilitação.
O que vai ser o primeiro contato com Jackie vai mudar a vida das irmãs pra sempre. Mesmo despretensioso, o filme já tem uma singularidade logo de cara. As personagens Sophie (Carice van Houten, também em Borboletas Negras) e Dann são irmãs na realidade e isso muda tudo. A liga é boa, o olhar é cúmplice e firme, e elas nos conduzem por essa viagem com graça e curiosidade. São apresentadas para sua mãe biológica Jackie (Holy Hunter, também em O Piano) e, a partir daí, precisam lavar a roupa suja: Sophie questiona sua carreira como publicitária e as relações de trabalho e Dann, o seu casamento.
Como todo bom road movie, o deslocamento dos personagens e a convivência forçada até o destino trazem à tona as questões mais íntimas e mais difíceis de resolver. É nesse percurso que as irmãs e a mãe descobrem uma nova relação entre elas e consigo mesmas. O que começa despretensioso, termina da mesma maneira. E é justamente por isso que tem um toque especial. Já disse aqui no blog e repito: adoro filmes que têm a capacidade de tratar do mesmo com brilho próprio. O último road movie de que falamos aqui foi o profundo Nebraska. Jackie é mais singelo, mas em compensação tem cor e graça. E um desfecho que me pegou de surpresa e que fechou, com muita personalidade, a proposta intimista da diretora.
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