À BEIRA DO CAMINHO
Opinião
Road movie com um certo mistério em torno do personagem João. Regado a canções de Roberto Carlos, À Beira do Caminho é contado pelas letras das músicas, mostrando o sofrimento desse caminhoneiro amargo e desiludido e deixando bem claro que um dia foi feliz. O que fica no ar é justamente o motivo para uma mudança tão brusca de comportamento.
Cruzando o país de fora a fora, ficamos sabendo que João (João Miguel, também em Xingu, Hotel Atlântico, Estômago, Gonzaga, Se Nada Mais Der Certo) não quer se lembrar do passado, nem voltar para sua cidade natal, nem resolver o que ficou pendente. Para tanto, o diretor Breno Silveira, também responsável por 2 Filhos de Francisco e Gonzaga, lança mão de flashbacks bem curtos, que vão se estendendo conseguirem nos explicar o que é que aflige tanto esse homem. Para quem fugir era uma rotina, nada mais difícil do que enfrentar a verdade. É aqui que entra o menino Duda, que pega carona no caminhão de João e traz à tona tudo aquilo que ele não queria enxergar.
Lembra um pouco – guardadas as devidas proporções – a amizade que surge entre Dora e Josué em Central do Brasil. Um road movie também, mas de profundidade bem maior, claro. Mas não deixa de ter uma linguagem parecida, na busca pelo pai, na imensidão do Brasil, na amizade improvável, na reviravolta da vida, na mudança de rumo. Não tem muita novidade, é verdade. Mas acho que o Breno Silveira quis contar é justamente o lugar comum a todos nós: esse longo caminho.
Comentários