CELULAR NÃO É PIPOCA

Opinião
Toda vez que vou ao cinema – e não são poucas, acredite – me faço a mesma pergunta: será que um dia usar o celular dentro do cinema será algo inimaginável como é hoje fumar? Claro, ninguém cogita acender um cigarro na sala escura. Certo? Pois é. Toda vez que aparece aquela animação que as salas de cinema projetam, com direito a bonequinhos, gracinhas e trilha sonora (linguagem universal, animação, para que todos possam entender) anunciando que é proibido fumar, que a brigada de incêndio está pronta para socorrer (será?), que as luzes se acenderão automaticamente, etc e tal, fico pensando que linguagem universal é essa.
Porque ninguém entende a parte que aparecem os celulares. Tem texto, aúdio, imagem sinalizando e dizendo com todas as palavras que devemos desligar nossos celulares durante a projeção do filme. Uma vez que isso não é obedecido, mais tempo deveria ser gasto para dizer que não é permitido usar o celular para passar mensagem de texto, chegar emails, facebook, twitter e tudo mais que os pequenos grandes (maravilhosos!) computadores de bolso fazem hoje. Claro, é permitido ter bom senso. Se o cinema estiver vazio, não tiver ninguém sentado do seu lado, você realmente tiver de responder e puder tampar com as mãos ou com o casaco (sempre necessário, já que a temperatura é, via de regra, sempre fria demais – pelo menos para as mulheres!) aquela luz que tanto atrapalha as pessoas que estão tentando entrar e sentir realmente o filme, ainda vá lá. Algo como esquematizar idas e vindas de filhos – cujas programações parecem sempre micar justo na hora H – é uma boa justificativa. Desde que se preocupe, terminantemente, em não incomodar.
Hoje mesmo fui a uma sessão da Mostra Internacional de Cinema de SP no MIS. Concorda que, quem vai ao MIS, assistir a um filme alemão, está realmente a fim de se envolver com o filme. Tem tantas outras coisas para fazer em São Paulo do que ver filme alemão! Para meu espanto um fulano levanta o celular, do jeito que a gente faz quando está em casa, assim, sem qualquer cerimônia, e navega na sua página do Facebook tranquilamente, enquanto eu, até aquele momento, estava absorvida pelo drama familiar daquela família em Berlim. Bastou para eu me desconcentrar e, então, acreditem, uma simples luz branca na sala escura é capaz de estragos enormes. No mínimo, no quisito respeito.
Já mandei gente desligar o celular, já pedi para parerem de mandar mensagem, já dei lição de moral dizendo que “cinema não é lugar de conversa”, e blá blá blá. Mas as pessoas não entendem. Será que um o “proibido-usar-o-celular-no-cinema” será algo tão óbvio quanto a proibição acender um cigarro? Em algumas cabines de imprensa de grandes lançamentos, como a do 007 – Operação Skyfall, a distribuidora do filme “confisca” os celulares dos jornalistas na porta da sala. Todos ficam devidamente guardados em envelopes lacrados e numerados, para retirar na saída. E ainda somos checados com detectores de metal antes de entrar na sala. Uma precaução contra possíveis filmagens piratas durante a sessão. Duvido que algum jornalista se sinta constrangido. Regra é regra. Os cinemas poderiam fazer o mesmo. Quem sabe passando vergonha as pessoas se (des)ligam!
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