ROCK BRASÍLIA – ERA DE OURO
Opinião
Tudo começou com o Aborto Elétrico. Renato Russo forma uma banda no fim dos anos 1970 em Brasília, assim como outros tantos garotos que não tinham nada o que fazer nos blocos e quadras do Distrito Federal. Desfeito, o Aborto deu origem a duas bandas que fizeram história e, essas sim, marcaram nossa juventude. Quem não se lembra? Capital Inicial e principalmente Legião Urbana. É a história delas que foi registrada por Vladimir Carvalho, além de outras como Plebe Rude.
Com imagens e depoimentos também daquela época, o diretor faz um documentário interessante de algo que, para mim, já estava pronto com Renato Russo, até fechar o ciclo em 1996 com a sua morte. Mas também para renascer, como disse Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital, reativado anos mais tarde – uma prova da qualidade do rock brasileiro, da sua rebeldia, da sua indignação e de como marcou uma geração.
Rever a trajetória é interessante por vários ângulos. Foram bandas criadas por filhos de professores da Universidade de Brasília, diplomatas, militares, numa época em que fervilhavam as mudanças no país – fim da ditadura, Diretas Já, planos econômicos, inflação galopante. Tudo isso é contado nos depoimentos dos membros do Legião Urbana (Renato Russo, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá), do Capital Inicial (Dinho Ouro Preto, Fê e Flávio Lemos), da Plebe Rude (Philippe Seabra), além de produtores culturais, empresários de gravadoras e familiares dos músicos.
Bacana rever como tudo começou. Recentemente houve um tributo a Renato Russo na voz do ator Wagner Moura. Marcou a nossa geração, assim como Paralamas do Sucesso, Titãs e Barão Vermelho, no chamado “quarteto sagrado do rock brasileiro”. Com letras provocativas, poéticas, políticas, inquietas, Renato Russo é o grande homenageado do documentário. Acho justo. É dele que lembro mais quando revisito a música dos anos 80, aquela que embalou as baladas da época.
Alguns outros documentários sobre música brasileira que merecem ser vistos: Raul – O Início, O Fim e O Meio, A Música Segundo Tom Jobim, As Canções, Dzi Croquettes, Uma Noite em 67.
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