A CRIANÇA – L’Enfant
Opinião
A Criança é um daqueles filmes que termina sem que se tenha propriamente um final. Como a vida, que continua, apesar dos pesares. O mesmo acontece com outra produção dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, O Silêncio de Lorna. A temática é recorrente – seus filmes falam de questões profundas da existência humana, de ética, de moral, de postura perante a vida, além dos fortes confrontos pessoais por que passam seus personagens. Interessa ver a estrutura dos personagens, minuciosamente construídos pra evidenciarem a sua desconstrução interna.
Impressiona o realismo nos Dardenne – filmado lentamente, sem pressa, em tempo real, mostrando sua jornada, mas sobretudo dando tempo na cena para que aflorem os sentimentos. Sonia, 18, e Bruno, 20, namoram e têm um filho. Ele rouba para conseguir dinheiro, sem se sentir culpado por isso ou por não construir um futuro. Ela também não se importa. Vive das benesses do Estado e só cai na real quando Bruno vende o bebê para traficantes de crianças.
Vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 2005, A CRIANÇA é imperdível pela temática, pela câmera que não diz mais do que o necessário. Tamanha objetividade nos leva ao subjetivo que incomoda e cutuca, deixando uma angústia plantada nesse seara jovem que não sabe o que quer.
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