REIS E RATOS

Cartaz do filme REIS E RATOS

Opinião

Grande elenco normalmente costuma aumentar as expectativas. Mas nem sempre garante que o filme seja de fato bom ou do estilo debochado-divertido – como acho que era a intenção aqui. Com Selton Mello fresco na memória por causa do excelente O Palhaço, Rodrigo Santaro e Cauã Reymond em Meu País, confesso que esperava um filmaço. Não é bem assim. Fiquei incomodada com a construção desses personagens e com o deboche desmesurado. Algo não vai bem em Reis e Ratos e a sensação que dá ao assistir ao filme é de “tanto faz” para qualquer coisa, inclusive para a escolha do conteúdo.

Tudo se passa em 1963, às vésperas do golpe militar de 64 no Rio de Janeiro. O Brasil está ameaçado pelas forças comunistas infiltradas e é preciso fazer alguma coisa para evitar que o país caia nas suas mãos em plena Guerra Friz. Com ajuda do agente da CIA Troy Somerset (Selton Mello) disfarçado de comerciante de sapatos, e um major da aeronáutica (Otávio Müller), pretende-se armar uma emboscada para que o golpe seja justificado. Claro, porque Somerset quer, de qualquer maneira, ficar no Brasil depois de terminada a sua missão, continuar levando aquele vidão conveniente com sua esposa Leonor (Paula Burlamaqui). Para ele, sempre há um jeitinho de se resolver isso. Para tanto, conta a ajuda da cantora de boate Amélia (Rafaela Mandelli), de um falsário e vigarista Roni (Rodrigo Santoro, também em Meu País, Leonera, Carandiru, Bicho de Sete Cabeças, Che – O Argentino, Che – A Guerrilha) e com Hervê, um locutor médium afeminado e bem esquisito (Cauã Reymond, também em Meu País, Estamos Juntos, À Deriva, Divã, Se Nada Mais Der Certo). O presente é colorido; o flashback, preto e branco. Mas confuso, com personagens caricatos e pouco críveis.

Mesmo sendo uma releitura de uma época do ponto de vista dos americanos, ou dessa “oportunidade” de imprimir a influência americana nos países mais “fragilizados”, Reis e Ratos tem um roteiro fraco e todo picotado que acaba incomodando. Não flui, mesmo com olhos de quem está vendo uma comédia-ficção de época. Do mesmo diretor de Meu Nome Não É Johnny (filme interessante e bem feito), o conjunto de Reis e Ratos não foi uma escolha (nem um final) feliz.

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