GABRIEL E A MONTANHA

Cartaz do filme GABRIEL E A MONTANHA

Opinião

Estou tentando, mas está difícil desvincular de Na Natureza Selvagem. Porém, há duas diferença essenciais, diante de tantas semelhanças, que faz com que os filmes andem no paralelo – e isso é muito bonito. Cada um tem a sua história mesmo.

De igual tem o fato de ambas serem histórias reais de jovens que saíram pelo mundo em busca de experiências e vivências, ouvindo um chamado interno. Ambos os filmes levam o espectador pra viajar junto, pra experimentar culturas diferentes e dá pra sentir, inclusive, o que o protagonista sente. De diferente – e fundamental – é o perfil dos jovens. No filme americano, Christopher McCandless é melancólico, tenta buscar a felicidade em algum lugar que não existe a não ser dentro dele mesmo. Já Gabriel é alegre, também cheio de perguntas, mas que não tiram sua alegria de viver. Pelo contrário, busca, incansavelmente, viver momentos extraordinários. E acaba sendo morto justamente pelo excesso dessa euforia. O segundo ponto está na importância que os relacionamentos têm pra cada um deles. Enquanto Christopher busca o isolamento e não consegue se relacionar com a família, a sociedade e culpa todos pelos seus questionamentos, o que Gabriel faz da vida é procurar relacionar-se com as pessoas de realidades mais diferentes possíveis, entender seu modo de vida, entrar humildemente em suas casas, ser generoso e formar vínculos afetivos. Seu relacionamento com a namorada, inclusive, é emocionante – e apaixonado.

Com cada personagem devidamente no seu devido lugar, vi em Gabriel e a Montanha, eleito melhor filme brasileiro pela crítica na 41ª Mostra de SP um filme-homenagem a alguém que sabia cativar. O diretor Fellipe Barbosa (também de Casa Grande) conhecia Gabriel desde pequeno e teve a ideia de fazer o filme justamente quando o amigo estava desaparecido. Fotografa uma África humana, colorida, cheia de vida e de afetividade, ficando longe dos esteriótipos. E faz isso com uma delicadeza que toca o coração.

 

 

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