ZUZU ANGEL

Cartaz do filme ZUZU ANGEL

Opinião

Lembrei de rever Zuzu Angel por causa das referências a ela e à sua filha, Hildegard Angel, na biografia de Paulo Coelho, O Mago, de Fernando Morais. Acabo de ler o livro. Não sabia que Hildegard e Paulo Coelho eram amigos naqueles anos de chumbo, a década de 70. Assim como o famoso escritor, Stuart (Daniel de Oliveira), filho de Zuzu, foi perseguido e torturado pelo regime militar. No entanto, não teve a mesma sorte e acabou assassinado, sem que seu corpo fosse jamais entregue aos familiares.

Zuzu Angel (ótima por Patrícia Pillar) conta justamente sua luta para reaver o filho, vivo ou morto. Estilista famosa internacionalmente, acorda para o terror da ditadura quando seu filho desaparece, quando o regime passa a ameaçá-la diretamente, quando já não se vê costurando futilmente para as esposas dos militares enquanto artistas, estudantes e intelectuais morrem nos porões dos quartéis.

Plasticamente o filme é muito bonito – embora muito triste, claro. Senti a beleza do filme, ao mesmo tempo em que senti a vergonha e a dor de mãe. O filme é embalado pela canção Angélica, tributo de Chico Buarque à estilista (veja o vídeo abaixo); mostra pessoas que fizeram parte da vida de Zuzu como a modelo Elke Maravilha (na pele de Luana Piovani); mostra Zuzu levantando a bandeira de mãe de um desaparecido político; mostra a posição das irmãs de Stuart, que criaram o Instituto Zuzu Angel (IZA) em 1993 para promover a moda enquanto expressão da cultura brasileira e preservar a memória da mãe e do irmão. Tudo isso situa o filme na realidade do nosso país – o que faz dele um registro muito, mas muito interessante.

O primeiro vídeo, logo abaixo, é uma montagem com imagens reais e fictícias, com a canção Angélica de fundo; o segundo, o trailer oficial do filme. Gosto dos dois, embora tenha priorizado o primeiro, é verdade. Acho que ele transcende o cinema, entra na realidade e traz os fatos para perto de nós. Por mais duros que sejam.

Trailers

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