W.E. – O ROMANCE DO SÉCULO – W.E.

Cartaz do filme W.E. – O ROMANCE DO SÉCULO – W.E.

Opinião

Em W.E. – O Romance do Século, Madonna fez dois filmes em um. O primeiro, de época. Retoma o que vimos em O Discurso do Rei no ano passado, quando George VI se torna o rei da Inglaterra em 1936. Sobe ao trono após seu irmão Edward VIII abdicar para se casar com uma mulher americana, divorciada pela segunda vez. Do discurso, já temos registrado no filme premiado com Colin Firth. O que Madonna fez agora foi resgatar o romance de Edward com a americana Wallis Simpson, mulher à frente do seu tempo em trajes, costumes, interesses, ousadia. Madonna conta como tudo isso aconteceu em plena década de 1930.

O segundo filme é aquele que destoa de todo o resto e que causa um certo estranhamento. Já não tem a beleza da reconstituição do passado. Conta a história paralela de Wally Winthrop, que se passa nos dias de hoje. Uma mulher não mais à frente do seu tempo, mas submissa ao marido, obediente,  sonhadora, romântica, ingênua, inexpressiva – um pouco tola, inclusive – obcecada com a história acima, a de Edward e Wallis.

Intercalando as duas narrativas, Madonna disseca a vida, a postura de duas mulheres opostas. No entanto, Wally Winthrop (Abbie Cornish) não tem, nem de longe, a mesma força de Wallis Simpson (Andrea Riseborough). Nem a atriz, nem a personagem, nem a história. Toda a força e ousadia de câmera e enquadramentos que a diretora imprime no passado ficam perdidas na história do presente. Eu diria até inverossímil, improvável, com um certo ar de “conto de fadas às avessas”, com um príncipe encantado russo disfarçado de vigia. Mais parece uma sobreposição, deixando a sensação de que os roteiros não se entrelaçam com perfeição. Algo não combina – seria o fato de Madonna se projetar nessa faceta romântica e infantilizada da boa moça do presente?

O que é incontestável em W.E. – O Romance do Século é o rigor estético da produção. Madonna caprichou e nem tudo é desconforto. Gosto do olhar sob o figurino, a reconstrução de época e o roteiro que cobrem a vida de Wallis e Edward. Eu dispensaria por completo esse conto do presente – teria sido melhor se o filme se concentrasse somente nesse momento histórico, que de fato marcou a história da realeza, quebrou paradigmas e mostrou que o amor realmente faz coisas inacreditáveis (afinal, abdicar do trono inglês não é pouca coisa). Apesar das ressalvas, W.E. conta uma ótima história e a gente sabe que, embora a realeza já não seja mais a mesma, continua dando o que falar.

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