VERMELHO RUSSO

Cartaz do filme VERMELHO RUSSO

Opinião

Há algumas sutilezas em Vermelho Russo que fazem o filme já sair na frente. A risada solta é uma delas – aquele tipo de ataque de riso que duas grandes amigas sabem bem como é. Só ri daquele jeito quem é genuíno como o outro. Não existe outra alternativa. O que a gente vê na tela é uma amizade assim entre Manu e Marta – duas amigas atrizes, que estão passando por momentos delicados na vida, decidem cruzar o planeta e fazer um curso de teatro na Rússia.

Não é à toa que tudo parece muito verdadeiro e comprar a ideia de que a dupla está realmente vivendo aquele momento é algo muito fácil. Tem química, flui bem, não hesita. O diretor é Charly Braun é o mesmo de um ótimo road movie chamado Além da Estrada (2010), que se passa no Uruguai. Braun sabe filmar o cotidiano, extrai simplicidade com graça e emoção – na medida certa, na hora certa, faz a liga, constrói a emoção. Além disso, tem a questão da ficção que se confunde com a realidade – Maria Manuella e Martha (agora as atrizes) fizeram realmente esta viagem e o filme é baseado em um diário escrito por Martha, retratando a vivência. Sopa no mel. É só reviver o que já foi vivido e dar pitadas divertidas e emocionantes que fazem o filme ser realmente uma delícia de assistir.

E tem ainda outro enlace interessante, a tal da metalinguagem: Marta e Manu, agora as personagens, vão pra Moscou, ficam hospedadas em um tipo de casa de repouso onde acontecem as aulas de teatro. Entre os ensaios, as dificuldades de encarar os papéis na peça, elas são cúmplices, lavam roupa suja, interessam-se pelo mesmo homem, choram as mazelas deixadas no Brasil e transmitem toda essa emoção para os personagens, enquanto estudam o método do russo Constantin Stanislavski.

Não é à toa que os personagens têm o mesmo nome da realidade. No fim das contas, tudo se confunde. A gente interpreta todo dia, reinventa o passado, projeta-se no futuro e fica difícil mesmo só pensar no aqui e agora. Mas, repito: o mais bacana é a cumplicidade das duas. Quem tem Manus e Martas na vida, sabe de que ataque de riso e de que choro estou falando. Eu tenho!

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