UM SONHO POSSÍVEL – The Blind Side

Cartaz do filme UM SONHO POSSÍVEL – The Blind Side
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Opinião

Mais um filme que traz um título em português bem diferente do original. Não que me ocorresse alguma tradução mais apropriada agora – apesar do ofício – mas “blind side” remete à função protetora que um determinado jogador tem no futebol americano. Nosso campo de visão não abrange tudo que ocorre ao nosso redor – assim como no ponto cego quando olhamos no retrovisor do carro. No jogo também é assim: esse ponto cego precisa ser coberto por alguém, que fica de olho, protege o jogador que será atacado pelo adversário porque não tem a visão daquele lugar específico. Portanto, o título original remete a instinto de proteção e não a sonho – que por sinal tem pouco a ver com o filme. A personagem de Sandra Bullock (também em Tão Forte e Tão Perto, Crash)não tinha um sonho. O que ela tinha era intuição e confiança.

E por falar nela (vencedora do Oscar de Melhor Atriz), gostei bastante da sua atuação. É verdadeira, dramática e prova que é capaz de incorporar um personagem mesmo que ele não seja caricato, de atuar em um filme, mesmo que não seja uma comédia.

Mas o ponto alto do filme é o fato de ser uma história é real. É verdade, já disse várias vezes que gosto dessas releituras. E aqui, acho que se trata de algo muito perto de nós, que nos atinge todos os dias com o nosso preconceito contra, às vezes, aqueles que estão dentro das nossas casas trabalhando, dedicando-se ao bem-estar das nossas famílias. Acho interessante pensar que essa mulher bonita, rica, influente, ligada em estética abre sua casa para um garoto pobre, negro, gordo, inábil intelectualmente, de mãe drogada. Interessante pensar sobre a coragem que essa mulher teve de enfrentar as pessoas, apresentá-lo como filho, responsabilizar-se por ele judicialmente, independente do preconceito contra classe, cor ou educação.

Em se tratando de Hollywood, fica fácil construir um drama assim. O papel tudo aceita – ainda mais nos dias de hoje em que quase tudo é possível e em que o apelo racial é forte. Entretanto, em se tratando de vida real, é preciso ter muita coragem para se envolver em uma situação por si só problemática e controversa. É preciso ter muita coragem para assumir, construir e dar o exemplo de que uma relação aparentemente complicada pode ser um fator transformador na vida de muita gente. Quantas vezes desperdiçamos uma experiência enriquecedora, mas nem por isso fácil, por medo, preconceito, vergonha ou até preguiça de mudar algo na vida? Quantas vezes não acreditamos na nossa intuição e ficamos aprisionados no próprio medo e insegurança? Fiz essa pergunta ao sair do cinema. É preciso ter coragem.

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