UM DIA – One Day

Cartaz do filme UM DIA – One Day
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Opinião

Dizer que Emma e Dexter um dia descobrem que dessa amizade de faculdade existe algo a mais, é dizer o óbvio – é só olhar para o cartaz ao lado. Dizer que este filme se encaixa no que chamam por aí de “comédia romântica” e no que chamo por aqui de “filme para ver bem acompanhado”, também não cria tanta expectativa assim.

Mas há dois aspectos que me chamaram atenção neste filme da diretora dinamarquesa Lone Sherfig. O primeiro é de ordem prática: o formato. Os 20 anos de história entre Emma (Anne Hathaway, também em Alice no País das Maravilhas, O Casamento de Rachel, O Diabo Veste Prada) e Dexter (Jim Sturgess, também em Caminho da Liberdade) são pontuados todo dia 15 de julho, começando em 1988 quando eles se formam na faculdade e passam juntos uma “quase” noite de amor. A partir daí, os anos vão se passando e ficamos sabendo em que pé está a relação ou a “não-relação” entre os dois à medida que o calendário anda. Interessante, dá uma graça a esse longo período, muito embora não seja tábua de salvação, nem crie nem altos e baixos, nem momentos e diálogos incríveis como em Antes do Amanhecer e Antes do Pôr-do-Sol, que lidam com sensibilidade e criatividade com a passagem do tempo.

O outro ponto pode soar moralista e previsível – e de fato é um pouco. Emma e Dexter são opostos. Ele é de família rica, tem tudo de mão beijada, é bonitão e presunçoso, transita entre gente descolada e mulheres bonitas, faz sucesso como apresentador de televisão, enquanto ela é de origem humilde, tem que trabalhar num restaurante mexicano para pagar as contas, é desajeitada, sem charme, mas inteligente e meiga, e pena para começar a escrever o tão sonhado livro e tornar-se escritora. Para ela, Dexter é o grande amor da sua vida; para ele, Emma é sua melhor amiga. Sem querer estragar a surpresa do filme, Dexter e Emma são construídos para parecer o típico casal complementar, em que um tem os pés no chão, o senso crítico, os princípios bem estabelecidos, é o futuro; o outro tem o senso de aventura, da alegria, do presente. Acho que a ideia é trazer à tona a questão do tempo que se perde querendo mudar o outro e que se  leva para perceber que é uma questão de encaixe. Um dia pode vir a dar certo, mas e se não der tempo?

Por essa e por outras, Um Dia é gostoso de ver, embora Educação, da mesma diretora, seja realmente sem dúvida muito mais profundo e bem amarrado. Alguns pontos ficaram falhos, como o registro do passar do tempo na maquiagem de Emma – ela está igualzinha com 20 e com 40 (quem me dera…), os buracos no roteiro, mas se você quiser entrar nesse aspecto da construção da relação e da dificuldade nessa delicada percepção, talvez consiga ir além da comédia romântica.

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