TUDO QUE APRENDEMOS JUNTOS

Cartaz do filme TUDO QUE APRENDEMOS JUNTOS

Opinião

Sempre que algum filme fala algo de relevante pro Brasil, dou destaque aqui no Cine Garimpo. Sou fã do cinema nacional, acho que nossa produção vai além do gênero blockbuster-comédia-nonsense e que temos, de fato, grandes talentos nas equipes que se propõe a fazer um cinema independente e generoso. Tudo Que Aprendemos Juntos chegou pra mim desta maneira: apresentando-se simples, sincero e com um peso grande no quesito que a gente tanto precisa: comprometimento.

Durante a entrevista coletiva, o diretor Sergio Machado fez um comentário interessante. Disse que embora fosse fazer um filme sobre a vida na favela, queria o olhar que tivesse um “sopro de esperança”. Que o enredo não ficasse preso a esse clima negativo em que o país – e nós todos – estamos mergulhados. Como a história mostra uma vivência social realmente transformadora,  Sérgio ancora a direção do projeto nessa experiência. E isso deu muito certo.

O roteiro é baseado na peça do Antônio Ermírio de Moraes, “Acorda Brasil”. O personagem do Lázaro Ramos é o violinista Laerte, que presta o concurso pra entrar na Osesp, não consegue, tem um branco na hora da audição e fica desempregado. A única oportunidade que aparece é dar aula pra jovens na comunidade de Heliópolis. Mas a situação é desanimadora, porque nenhum professor conseguiu entender o grupo, cativar os adolescentes e muito menos ensinar música. A gente sabe sem esse processo não tem aprendizado, que a vida dos jovens da comunidade é muito dura e que o desafio social pra fazer um projeto como esse vingar é enorme.

O filme fala da relação professor-aluno, de como Laerte conquista do respeito dos adolescentes e vice-versa, até a formação de fato da Orquestra Sinfônica de Heliópolis. Tudo que Aprendemos Juntos teve a participação dos integrantes do Instituto Baccarelli, não só na formação do elenco, mas na transmissão da experiência deles no decorrer do aprendizado da música clássica. “Os meninos são todos de comunidade e essa era uma preocupação, que eles fosse fiéis à verdade”, conta Sérgio. O  projeto  está presente na comunidade há quase 20 anos e já modificou a vida de milhares de jovens e famílias. “Até havia pessoas em quem me inspirar pra compor meu personagem, que passaram por situação semelhante no projeto”, conta Lázaro sobre a formação do seu personagem. “Mas o mais importante foi o tempo que passei no Instituto Baccarelli ensaiando, me apropriando daquela realidade e compreendendo que poder de transformação da arte e da música era aquele que a gente estava filmando.” Pois é, é desse sopro de esperança que estamos falando e que o filme realmente joga no ar.

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