TOY STORY 3

Cartaz do filme TOY STORY 3

Opinião

A Pixar é também criadora do ótimo Up, Altas Aventuras e de tantos outros filmes que ficaram no imaginário de adultos e crianças como Procurando Nemo, Monstros S.A., Wall-E. Isso serve como parâmetro e referência para falar da qualidade de Toy Story 3 enquanto enredo, criação, imaginação, aventura, tecnologia e sensibilidade. Não sei quem se diverte mais, se os adultos ou as crianças. No cinema, as risadas dos mais velhos são inconfundíveis quando se identificam com as músicas, brinquedos ou situações. Tem muito da mente adulta nesses filmes, mas certamente são mentes que ainda têm a capacidade de navegar pelo universo infantil e sabiamente conversar com as diferentes faixas etárias e suas nuances.

Essa história de brinquedos abandonados pelo garoto que agora vai para a faculdade e não vê mais graça no baú de bonecos antigos é só um pano de fundo para falar da questão que cedo ou tarde todos nós passaremos. Filhos que crescem, que já não se interessam por aquilo que antes era tudo na vida, que viram a página com a maior facilidade, enquanto nós, adultos, somos nostálgicos, temos saudades da infância e dificuldade em deixá-los crescer. O filme me tocou fundo nesse ponto e Woody e sua turma são a simbologia da fase mágica dos amigos imaginários, da ingenuidade, da parceria sem preço nem medida, da brincadeira pura e simples. O abandono dos brinquedos é a metáfora da infância que se vai, que leva junto a simplicidade e dá lugar à adolescência e da fase adulta, em que os sentimentos já não são transmitidos com tanta facilidade, em que o carinho já é condicional, em que o brinquedo passa a ser coisa de criança.

Ouvi crianças dizendo que acharam o filme triste; outras disseram que foi legal ver Andy deixando seus brinquedos com alguém que gostasse realmente de brincar. Cada um sente a infância de uma maneira. Curioso isso. De qualquer maneira, com muita graça e aventura e com a sensação de profundidade e naturalidade que o efeito 3D produz (não tem coisas voando ou sendo atiradas no espectador), Toy Story 3 é uma delícia de assistir. Essencialmente, trata a brincadeira com a seriedade que ela merece, como parte da construção do universo da imaginação, criação e vivência das crianças; como uma questão fundamental da infância que, além de divertir, exercita o respeito (mesmo que seja pelos amigos imaginários), a amizade, o cuidado pelos pertences, a valorização dos anos de ouro. Não é à toa que hoje o lúdico é uma ferramenta terapêutica que ajuda a diagnosticar as dificuldades da criança nas relações familiares e escolares, a detectar traços da personalidade para ajudá-los a se relacionar com mais tranquilidade com o mundo. Brincar é preciso e saí do cinema com a certeza de que quanto mais tempo os amigos imaginários durarem e nós, adultos, pudermos alimentá-los, tanto melhor. Os brinquedos também agradecem, é claro.

DICA: Não deixe de reparar no curta metragem, também da Pixar, mostrado antes de Toy Story 3. Chama-se Dia e Noite (Day and Night) e trata da união de dois opostos, aparentemente irreconciliáveis, mas que podem ser complementares. Isso se eles estiverem dispostos ver graça e valor naquilo que é diferente. Bem feito, bem cuidado, simples e muito, mas muito criativo.

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