TIM MAIA – NÃO HÁ NADA IGUAL

Cartaz do filme TIM MAIA – NÃO HÁ NADA IGUAL

Opinião

Não há nada igual. Li há pouco tempo a autobiografia do Lobão, 50 Anos a Mil, mas Lobão sobreviveu. Tim Maia não. Genial, mas sucumbiu às drogas e à vida frenética que levava. Quando perguntado na coletiva de imprensa qual foi o critério para fazer o recorte deste filme, o diretor Mauro Lima (também de Reis e Ratos) confirma o que eu escrevi sobre o filme Não Pare na Pista – A Melhor História de Paulo Coelho. “Resolvi contar a parte que o grande público acharia curioso saber sobre aquele artista”, diz Lima. “Por isso, retratei o que a nova geração não viu, já que o último Tim Maia se tornou repetitivo: era aquele que não aparecia nos shows, se trancava no camarim, reclamava do som e acumulava processos.”

E acertou em cheio. Porque ficar repetindo o que o público já sabe é chover no molhado e vira caricato. Tim Maia, baseado na biografia Vale Tudo, de Nelson Motta, traz para o público a vida do gênio pra lá de temperamental desde sua adolescencia na Tijuca, quando vendeu marmita, até descobrir o rock, formar uma banda com Roberto Carlos (!), ir para os Estados Unidos sem falar inglês, fazer sucesso, entrar para a seita que o levou ao fundo do poço, renascer e de novo mergulhar no repetitivo “senhor genioso” – e intratável. Até o final, que a gente conhece, que o levou à morte aos 55 anos.

Dois atores foram escalados para construir, brilhantemente, o personagem. O Tim jovem é Robson Nunes e adulto, Babu Santana. “Se você olhar as fotos do Tim, parece que são pessoas diferentes em cada uma das fases”, diz o diretor quando explica a escolha de dois atores. “Ele mudou tanto que achei que um ator só não poderia retratar toda a sua complexidade.” Tim é um sujeito simpático e cara de pau ainda jovem, para se tornar um irreverente black power quando vai para os Estados Unidos mergulhado nas drogas, no sexo e no álcool e depois descambar para um lado de convivência impossível como o “rei da soul music”.

Andaram dizendo na coletiva que faltaram algumas músicas. Mas o filme não é um musical. É uma biografia, muito bem delineada, que retrata os anos 50, 60, 70 lindamente, que tem humor e senso crítico. E que traz um Tim que muita gente não conhecia – eu sou uma delas. Assim como pipocaram outras ótimas biografias de artistas brasileiros no cinema como Gonzaga – De Pai pra Filho, Somos Tão Jovens (Renato Russo) e Raul – O Início, o Fim e o Meio, Tim Maia entra para a lista dos filmes nacionais que registram o que a gente tem de bom: talento para a música e poesia e olhar apurado para deixar registrado isso na telona sem ser marketeiro. Como disse o diretor e o elenco, Tim Maia tem uma biografia que rende até uma série, de tanta coisa que o cara aprontou e produziu. Mas poderia ter feito muito mais. Ficou sobrando talento.

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