SEM FÔLEGO – Wonderstruck

Cartaz do filme SEM FÔLEGO – Wonderstruck

Opinião

São duas histórias contadas paralelamente: uma delas em 1927, outra 1977. A princípio, não têm nada em comum: uma é em preto e branco, cinema mudo, com cara de filme feito naquela época- aliás, uma linda homenagem; a outra, viaja 50 anos pra frente e já ganha os contornos do cinema com que estamos acostumados – cores, texturas, som, realidade. Nas duas, os protagonistas são crianças, mas fica difícil adivinhar o que é que uma coisa tem a ver com a outra.

Não tente. Embarque nas duas – inclusive, é bem interessante a experiência desse pingue-pongue pra visuais e sons (ou falta dele) tão diferentes. Sem Fôlego foi adaptado do livro do escritor Brian Selznick, também de Hugo, A Invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese – os dois livros com ilustrações primorosas. E as narrativas também tem semelhança, no sonho, da dor da criança e no seu protagonismo. Rapidamente, pra não estragar surpresas, dá pra sugerir que a menina dos anos 1920 tenta lidar com o pai agressivo, tem fascínio por uma atriz de cinema e parte pra Nova York na tentativa de viver outra vida; o garoto dos anos 1970 quer saber quem é seu pai e também acaba indo parar em NY. Ambos vão fugindo, mas acabam escrevendo sua própria história.

Sem Fôlego (tradução absolutamente infeliz) é sobre a sincronia que acontece pra mudar o rumo das vidas. De alguma maneira, as coincidências se transformam em acontecimentos sincronizados, porque as pessoas envolvidas se movimentam, possibilitando que isso aconteça. Carregado de simbologia, acaba perdendo uma importante presente no título original, Wonderstruck – nome do livro de curiosidade que os une de alguma maneira. Além de ter a palavra wonder, que está carregada de significados fundamentais: a imaginação, o poder da contação de histórias, o encanto, a maravilha. Tudo é esperança, que transforma tantas coincidências quase em algo inevitável, graças também à beleza do visual que Todd Haynes, também de Carol, aplaca.

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