QUE MAIS POSSO QUERER – Cosa Voglio di Più

Cartaz do filme QUE MAIS POSSO QUERER – Cosa Voglio di Più

Opinião

O que mais se pode querer quando se tem uma casamento estável, fiel e tranquilo, bons amigos e uma situação financeira equilibrada e com boas perspectivas? Essa é a pergunta que não quer calar quando aparecem esses filmes sobre relações extraconjugais. A perspectiva de sair da rotina com uma dessas relações parece ser o caminho mais fácil para driblar a monotonia. Não faltam oportunidades para quem quer criá-las. O que acontece é que esses relacionamentos também se tornarão rotina e aí cai a ficha. Valeu a pena a aventura? Se tudo ia bem, por que não criar situações diferentes, divertidas, interessantes e inteligentes dentro do próprio casamento? Dá trabalho, exige empenho, paciência e muito amor. Por si, pelo outro, pelo casamento e pelos planos feitos a dois.

Que Mais Posso Querer conta uma história assim, em Milão, na Itália. Na primeira parte do filme, o foco é a vida, a rotina, as relações de Anna (Alba Rohrwacher), que faz seu papel com muito talento. Executiva bem de vida e aparentemente feliz no casamento, conhece Domenico (Pierfrancesco Favino) funcionário de um bufê. Após o encontro entre eles, o foco se inverte e conhecemos a vida modesta desse homem e suas particularidades. No meio de um monte de mentiras, irritação, sentimento de posse, sexo e culpa, o relacionamento avança de maneira intensa e tempestuosa. Valeu a pena?

Gosto muito do tom do filme e me lembrou o francês Mademoiselle Chambon. Gosto da maneira com que o diretor Silvio Soldini trata o conflito interior de cada um dos personagens, como ele vai crescendo e se intensificando, na tentativa de encontrar algo a mais, além daquilo que já foi conquistado. O conflito é real, palpável, faz parte do cotidiano de pessoas comuns. Do lado de cá da tela, a angústia também fica insustentável, por causa da constante insatisfação do ser humano nas relações, pela opção do caminho mais fácil, por não se conhecer o suficiente para bancar um casamento, os planos, a educação dos filhos e tudo mais que está inevitavelmente envolvido – e não é pouca coisa. Angústia de não conseguir dar valor às conquistas, de achar que a grama do vizinho é sempre mais verde, de viver nessa sociedade do descarte, da substituição rápida. Também, e principalmente, nas relações amorosas. Não é um assunto fácil de ser abordado no cinema sem cair no clichê. Que Mais Posso Querer é um filme honesto e sensível, mesmo tratando da infidelidade.

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