OS OITO ODIADOS – The Hateful Eight

Cartaz do filme OS OITO ODIADOS – The Hateful Eight

Opinião

“Definitivamente o vermelho está na minha paleta de cores”, disse o diretor sobre o sangue, sempre um personagem dos seus filmes. Quentin Tarantino esteve no Brasil para apresentar Os Oito Odiados e essa foi uma das colocações que eu mais gostei da entrevista coletiva. Também diretor de Bastardos InglóriosCães de AluguelDjango Livre, ele é imbatível quando se trata de cativar a plateia de jornalistas.

De público, eu diria que tem uma legião de fãs mundo afora, mas tem quem não goste. É muito sangue. “Sempre gostei de western. Depois que fiz Django e vi que deu certo, resolvi filmar o segundo”, confessa. “Parece que depois que eu fizer três desse gênero, aí posso partir pra outra”. Seja como for, disse que fará 10 filmes no total. Portanto, agora só nos resta dois, já que este é o oitavo – o curioso é que essa informação é dada ao espectador logo no começo do filme, provavelmente porque coincide com o mote dos oito personagens.

E é aqui que a coisa pega – nos personagens. São oito, que se odeiam, vivem da morte e da desgraça alheia, mas que não têm alternativa senão se refugiar em uma cabana no meio do nada, em pleno inverno, até que passe a nevasca lá fora. Um caçador de recompensas e sua fugitivas puxam o fio condutor. Cada um chega com a sua história, sua verdade e sua mentira. Dividido em episódios, o filme é um pouco longo demais – são três horas. Durante muito tempo, não acontece nada de importante e quem não está muito ligado no teatro que Tarantino quer fazer, vai se aborrecer. Mas o “nada” se transforma em muitas revelações na última hora, as máscaras caem, a língua fica cada vez mais afiada, as surpresas surgem e muito sangue rola na pacata cabana no meio da neve.

Quem gosta, vai se deliciar, porque a trama é muito boa. E torcer para que Tarantino se anime e filme mais. E quando falei em teatro, é isso mesmo. Os Oito Odiados poderia muito bem ser encenado no palco: as cenas são trabalhadas com cuidado, os diálogos lapidados, as dualidades evidentes e a ironia presente em cada um dos gestos e palavras desse roteiro tão perspicaz.

Depois de tudo isso, minha principal dica é: não pense muito, não tente encontrar muitas explicações por trás das cenas. Como disse o próprio Tarantino no dia da sessão, “jornalista tem mania de interpretar tudo”. E ele faz filme pra se divertir. That’s all.

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