O QUE SE MOVE (Gramado 2012)

Cartaz do filme O QUE SE MOVE (Gramado 2012)
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Opinião

FILME DA MOSTRA COMPETITIVA LONGA NACIONAL 

Ao ser exibido em Gramado ontem, os realizadores do filme pediram paciência. Disseram que o filme tinha um tempo específico, próprio e necessário. Que seria preciso esperar que ele acontecesse. De fato e preciso. É isso mesmo. As escolhas do diretor Caetano Gotardo, para reproduzir na tela sua leitura de três histórias extraídas dos jornais, têm uma razão de ser. Os planos longos e demorados são necessários para entrar no momento de vida das personagens, que vivem, as três, momentos decisivos.

O que faz com que O Que Se Move não seja um filme para todo mundo. Nem para qualquer hora. Exige não só atenção, mas principalmente entrega, assim como citei em Trabalhar Cansa (não é à toa que as equipes têm profissionais em comum e que a linguagem é semelhante). Entrega porque o filme apresenta histórias, sem emitir juízo de valor. Portanto, não está pronto, não é óbvio, não é industrializado, por assim dizer. Sinto isso em filmes desse tipo, que o diretor pede, implora que o espectador entre, se envolva, sinta realmente a dor a e alegria que os personagens estão vivendo. Por isso planos tão longos, para dar tempo de o personagem e nós absorvemos a realidade.

“O filme não vai para o psicologismo do personagem, ele narra”, resume bem Cida Moreira, uma das mulheres-chave do filme. É isso, exige do espectador, mas compensa pela profundidade da problemática humana. “Procurei colocar uma lupa em coisas mais cotidianas, porque as três mulheres atravessam um instante extremo em suas vidas”, justifica o diretor Caetano Gotardo, em relação a esse tempo tão longo do filme. Vá sabendo e tenha, mais do que paciência, um olhar mais cuidadoso. Não para enxergar, mas para sentir.

Isso porque o clímax vivido na tela não é pouca coisa, mas também não acho que seja prudente da minha parte entrar em detalhes. Parte da magia do filme é justamente a sensação que desperta de surpresa. Eu sabia, o tempo todo, que algo ia acontecer. Mas isso só se concretiza no final de cada bloco e causa espanto, dor, alegria dentro e fora da tela. Ao mesmo tempo. Repare também na escolha poética do diretor, quando ele propõe que os sentimentos sejam cantados pelas personagens. Nestes momentos, o olhar feminino e maternal se aguça de uma maneira capaz de deixar qualquer mãe realmente emocionada. Aconteceu comigo.

Não que seja mérito meu, nada disso. Mas acho que é preciso estar predisposto e aberto à linguagens diferenciadas, numa tradução ousada do sentimento para a tela. Dificulta comercialmente, mas humaniza de uma maneira bela e profunda. E corajosa.

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