O OUTRO LADO DA ESPERANÇA – The Other Side of Hope

Cartaz do filme O OUTRO LADO DA ESPERANÇA – The Other Side of Hope

Opinião

Há algo de fabuloso neste filme finlandês. Tem algo de muito real e algo de muito irreal. Uma atmosfera de olhares petrificados, vidrados em sabe lá o quê. Movimentos até mecânicos. Personagens que não parecem vivos, autônomos – são mais marionetes. A luz é vintage. Causa um estranhamento. Natural que isso aconteça – é um cinema diferente mesmo.

Assim como em O Porto, também do diretor Aki Kaurismäki, a temática da sociedade dividida é o cerne aqui também. A narrativa gira em torno das metades: parte acolhe o imigrante, insere-o no mercado de trabalho, ajuda a burlar a legislação (isso também acontece na Finlândia!), é acolhedor. E a outra parte rejeita, violenta (física e emocionalmente), é preconceituosa. Duas histórias se cruzam nesse cenário: o empresário descontente que larga a mulher e o emprego, vende tudo e compra um restaurante pra virar a mesa da vida; do outro, um imigrante sírio que perde a família toda em um bombardeio em Aleppo, foge pra fronteira com a Turquia e, por sorte, cai de gaiato em um navio que parte pra Finlândia. Lá tenta asilo político e acaba conhecendo o empresário. As vidas se transformam a partir daí.

O Outro Lado da Esperança levou o Urso de Prata na Berlinale em 2017 e merece, mesmo, uma atenção especial. É cinema diferente, na luz, nos personagens, na proposta do olhar. É preciso olhar como quem aguça a a curiosidade e se pergunta que mundo é esse. Não é trivial – nem poderia. É um recorte, nem drama demais, nem de menos. É o que tem que ser.

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