O NOME DA MORTE

Cartaz do filme O NOME DA MORTE

Opinião

O Nome da Morte conta a história absurdamente real do pistoleiro brasileiro que diz ter matado 492 pessoas, que tem nome, sobrenome e endereço conhecido, é protagonista de um livro reportagem e agora de longa metragem, e vive livre, leve e solto. Parece ficção, mas não é.

A morte aqui se chama Júlio Santana. Garoto pacato do interior de alguma cidade do centro-oeste brasileiro, tenta aprender o ofício de borracheiro com o pai, mas vai pra frente; vive na roça tranquilo e inocente, até que o tio policial o leva pra cidade grande para prestar concurso pra entrar na polícia. E ter futuro. Teve. Instigado a ascender socialmente e não frustrar as expectativas do tio querido, aceita matar a primeira vítima, a consciência pesa um pouco, mas o dinheiro rápido é mais sedutor. Entre uma morte e outra, o banco da igreja serve pra limpar a barra da danada da culpa, mas é preciso ganhar a vida e a luta continua.

Num ritmo acelerado e cheio de suspense, o Brasil é retratado na figura de um sujeito fraco, sem educação ou conhecimento, que não é um serial killer, porque não mata por prazer. Julio (Marco Pigossi) mata porque mata, porque é manipulado pelos mandos da sociedade, porque aprendeu assim, porque a violência é tão banalizada que ele até parece um cara normal. Pai de família. Poderia ser o seu vizinho, por exemplo. E está tudo certo.

Com elenco forte, O Nome da Morte é cinema nacional instigante. Tem ritmo marcado, faz prender o fôlego, é violento e deixa várias pontas para se pensar nas 492 vítimas – aliás, este é o título internacional do filme: 492. Bom, poderia ter sido aqui também.

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