NÃO PARE NA PISTA – A MELHOR HISTÓRIA DE PAULO COELHO

Cartaz do filme NÃO PARE NA PISTA – A MELHOR HISTÓRIA DE PAULO COELHO

Opinião

Quando li O Mago, a biografia de Paulo Coelho escrita por Fernando Morais (2008, Editora Planeta do Brasil), disse que o livro valia a pena, mesmo para quem não gostasse da obra de Paulo Coelho. Considerando a dificuldade de biografar alguém que está vivo e atuante, Morais dimensionou muito bem as vitórias e derrotas do escritor de O Alquimista, livro lançado em 1988 depois de sua vivência no pelo caminho de Santiago de Compostela, que o colocou definitivamente no mundo da literatura.

Literalmente no mundo. Porque Paulo Coelho foi traduzido em 80 idiomas, publica em 160 países, seus livros já venderam 150 milhões de exemplares e agora ganha uma versão no cinema. Não Pare Na Pista – A Melhor História de Paulo Coelho, do diretor Daniel Augusto, com roteiro de Carolina Kotscho (também de 2 Filhos de Francisco) já tinha de saída uma história extraordinária pra contar. Claro, quem é que viveu o que Paulo Coelho viveu? Ordinárias são as nossas vidas. Ele foi parceiro de Raul Seixas, compôs músicas que colocaram o cantor nas estrelas, lutou contra a ditadura, o pai e as drogas, aventurou-se pelo mundo para encontrar seu caminho e ganhou a notoriedade escrevendo – que era o que ele mais queria fazer na vida.

Tudo isso aparece no filme, que rende vários comentários – deixo em aberto para que cada um faça o seu. Mas o mais importante deles, que eu não poderia deixar passar, é que o roteiro termina na hora errada. Ao transformar o ator Júlio Andrade (também de Gonzaga – De Pai pra Filho, Serra Pelada) no Paulo Coelho de hoje, além de pecar na maquiagem, dá muita margem para o ego do escritor, que vem à tona com uma força muito maior do que a sua história que, repito, é mesmo extraordinária e deveria bastar.

Todo mundo sabe que Paulo Coelho não precisa se promover. Se precisasse, o filme seria uma jogada de marketing. Minha sensação é de que é uma visão rancorosa, do tipo “eu cheguei lá, mesmo que os brasileiros não reconheçam”. Lembro bem quando O Alquimista foi lançado e estourou. Essa foi a pedra fundamental do seu sucesso e aí é que o filme tinha que ter terminado. Do sucesso do Paulo de hoje, o mundo já conhece bem e não dá pra negar. Goste você ou não do que ele escreve.

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