LULA – O FILHO DO BRASIL

Cartaz do filme LULA – O FILHO DO BRASIL

Opinião

A vantagem de escrever sobre Lula – O Filho do Brasil é que não preciso ficar com medo de contar o que não deveria e, assim, tirar a surpresa do filme. Todo mundo sabe onde ele chegou, mas ainda não sabemos até aonde ele vai. O perigo aqui é outro. É não separar o homem do presidente. Sim, porque de fato a sua trajetória é ímpar. Não tem como não dar valor à sua persistência e tudo mais. Outra coisa é a vida política e nesse quisito cada um tem a sua opinião.

Saí do cinema e a primeira coisa que me veio à cabeça foi o filme 2 Filhos de Francisco, que conta a história de Zezé di Camargo e Luciano. As semelhanças são muitas, a começar pelo fato de serem crianças nordestinas sem qualquer estudo ou perspectiva de futuro, quem dirá de sucesso na vida. Jovens que migram para a grande cidade, comem o pão que o diabo amassou, conseguem se sobressair e ganhar fama. Mas a diferença é que o filme dos irmãos sertanejos realmente emociona. Lula deixa a desejar no quisito “lágrimas”.

Conta sua trajetória na infância, o sindicalismo no ABC paulista, o respeito dos companheiros, a prisão na ditadura, os casamentos, a luta pela causa dos trabalhadores – aliás, o trailer abaixo mostra grande parte desses acontecimentos, tirando até algumas surpresas. O que incomodou é que o ator Rui Ricardo Diaz só começa a falar como o Lula que a gente conhece quando consegue arrebatar milhares de metalúrgicos nas assembléias. Aí o tom e o português são do Lula. Até então, senti falta do sotaque e até achei que as concordâncias estavam abundantes. Preciosismo? Pode até ser, mas achei que isso escapou.

Mas o que não escapa é a correlação de que falei acima. Embora eu tente, não consigo separar uma coisa da outra. O Lula “homem” e o Lula “presidente” andam juntos e por isso sinto o filme como uma produção eleitoreira. Mesmo porque tenta convencer pela comoção gerada pela miséria e pelos conselhos de Dona Lindu (Glória Pires, também em Se Eu Fosse Você e Se Eu Fosse Você 2, É Proibido Fumar). E ao Lula são só elogios, nada que o desabone.

Como todo filme baseado em história real, gosto das cenas verdadeiras intercaladas com o cinema – dá mais veracidade e aqui não é diferente. Mas acho que terminar com a posse do Lula não precisava. Ficou um espaço de tempo enorme entre a prisão no Dops e a posse em 2003. Poderia ter terminado com a sua libertação – assim daria pano para a continuação. Que iria até quando mesmo?

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