LION – UMA JORNADA PARA CASA – Lion
Opinião
Saroo tem cinco anos, perde-se do irmão Guddu numa estação de trem de uma pequena cidade indiana, pega no sono em um vagão abandonado e, quando acorda, percebe que será engolido pela multidão daquela outra estação, a 1600 quilômetros de distância de onde viu seu irmão pela última vez. Essa parte da história já vale seu ingresso. É visceral a procura de Saroo por um rosto conhecido. Seu olhar diz tudo e se perde na indiferença daquela multidão. Mas a alegria chega, ele é adotado por uma família australiana bacana, cheia de amor pra dar. Por si só, a trajetória já é emocionante e cheia de ternura, em um cinema cuidadoso, delicado, do jeito que são as relações delicadas e afetivas que vão se formando no decorrer da vida desse improvável garoto que tirou a sorte grande.
No entanto, Lion – Uma Jornada Para Casa tem também um aspecto que não só se entrelaça com o drama, mas que é o grande gatilho para que a busca de Saroo por sua família biológica aconteça. Representado por Dev Patel (também em Quem Quer Ser Um Milionário, O Exótico Hotel Marigold) na fase adulta, Saroo tem tudo: pais amorosos, uma boa educação, um futuro promissor profissional, uma namorada conquistada e querida. Mas nada disso consegue diminuir sua angústia e procurar a família se torna uma obsessão. Entra Google Earth em ação, ele mergulha fundo e solitário nessa jornada, perde-se em suas dúvidas pessoais, mas é o momento que lhe cabe viver. Seguir sem esse pedaço da vida parece impossível.
Lion é um mergulho nesse universo daquilo que existe dentro de nós e que não vivemos. Quando algo – mesmo que transbordando de medos e dúvidas – bate na porta do coração, não há como negar. É preciso correr atrás, preencher o vazio para, então, seguir em frente. Lion é sobre isso, sobre preencher um grande vazio. E é lindo demais.
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