J. Edgar

Cartaz do filme J. Edgar

Opinião

“Informação é poder.” –   J. Edgar

Nos Estados Unidos dos anos 1920, o FBI (Federal Bureau of Investigation) era mais um departamento policial ineficiente e corrupto, sem qualquer critério técnicos ou científico para desvendar crimes e prender bandidos. Foi nessa época que o jovem advogado John Edgar Hoover, então com 22 anos, foi trabalhar no Departamento de Justiça americano. Escolhido para combater uma leva grande de estrangeiros subversivos e comunistas, que colocavam em risco a segurança nacional através de atentados e organizações secretas, acaba sendo designado para dirigir o órgão, que nunca mais seria o mesmo. J. Edgar passa a coordenar seu staff com mãos de ferro, adotando estratégias científicas e técnicas de investigação criminal – inclusive das impressões digitais – imprime sua marca logo de cara e termina sendo, ele mesmo, o próprio perfil do FBI.

Foram 48 anos no poder da poderosíssima organização de inteligência americana. J.Edgar (Leonardo DiCaprio, também em Ilha do Medo, Foi Apenas um Sonho, A Origem, Titanic), sempre escoltado pela fiel assistente Helen Gandy (Naomi Watts, também em Jogo de Poder, 21 Gramas, Você Vai Conhecer o Homem dos seus Sonhos) e por seu suposto amante e sabido braço direito Clyde Tolson (Armie Hammer, também em A Rede Social), foi chefe do departamento já em 1924 e diretor de 1935 a 1972, quando morreu. Portanto, viveu no comando importantíssimos anos da história americana: época dos comunistas e gângsters (muito bem retratada em Inimigos Públicos, com Johnny Depp), da crise de 1929, da Segunda Guerra, da Guerra do Vietnã, da morte de Kennedy, do prêmio Nobel dado a Martin Luther King, da subida de Nixon ao poder. Anos tratados no filme num vai e vem entre passado e presente, que poderiam ser menos intensos – o roteiro assinado por Dustin Lance Black (também de Milk – A Voz da Liberdade) poderia ser mais suave nesse quisito.

É assim que conhecemos a história contada por Clint Eastwood (diretor também de Além da Vida, A Troca, Gran Torino, Sobre Meninos e Lobos, A Conquista da Honra, Cartas para Iwo Jima) e é claro que está recheada de fatos interessantes. J.Edgar é retratado com um sujeito esquisito, duro e implacável, absolutamente dono da situação, de maneira muito competente por Leonardo DiCaprio. Viajei por esse pedaço da história, revi fatos, arquitetura, modos, costumes e a cronologia de uma época. Aqui Clint é impecável. Mas não entendo – e esta não é só a minha opinião, tenho lido por todos os cantos a mesma coisa – por que a maquiagem de envelhecimento ficou tão pesada. DiCaprio está muito bem, mas no rosto de Armie Hammer e Naomi Watts realmente parece que perderam o pé. Fiquei incomodada com essas imagens – o que é uma pena, já que se trata de um detalhe técnico fácil de resolver, ainda mais para diretores como Clint Eastwood. De qualquer modo, se isso realmente for só um detalhe para você, deixe passar. J.Edgar é um sujeito que tem, no mínimo, uma interessante e marcante história de vida. E Clint Eastwood, sempre uma maneira muito particular de contar.

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