HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO

Cartaz do filme HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO

Opinião

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho é um filhote do curta Eu Não Quero Voltar Sozinho. Pois é, dá pra notar que houve evolução: de curta pra longa, e agora caminhando sozinho. Não é à toa. O que começou com um curta despretensioso e com um protagonista propositalmente um pouco inseguro, termina com autonomia, personalidade e anda com as próprias pernas.

Digo isso para filme e personagem – até por isso acho que o diretor e roteirista Daniel Ribeiro foi superfeliz na escolha dos títulos. Coloco o filme na prateleira daquelas produções que soam naturais, como são as passagens comuns da vida. Não dá para escapar de As Melhores Coisas do Mundo, quando penso no clima do ensino médio da escola paulistana, na vida de bairro, nas viradas cruéis e maravilhosas da adolescência, que também aparecem aqui como pano de fundo. No primeiro plano, quem brilha é Leonardo, o garoto cego que passa pela adolescência explorando outros sentidos que não o mais óbvio, a visão. É pela sensibilidade e pelo tato que ele descobre sua sexualidade, constrói amizades, sofre bullying e desponta como uma adolescente mais resolvido e mais feliz que muitos outros que enxergam. 

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho merece ser visto e discutido nas escolas. Tem a questão do homossexualismo, mas não é esse o cerne da questão – e é por isso que o filme é ainda mais bacana. Trata o assunto com normalidade, abordando a dificuldade de inserção de um cego, assim como de qualquer outra pessoa que seja diferente da maioria – ou da expectativa social – por algum motivo. O homossexualismo é mais um deles, mas confesso que achei a descoberta da sexualidade um tema ainda mais forte. E isso é bom, porque é comum a todos. Vale dizer que o ator Guilherme Lobo não é cego, mas transmite um intensidade tão forte dos outros sentidos que é como se fosse. Ou como se não fosse, melhor dizendo. Mostra que seu personagem confia em seus sentidos  e que não teme seguir sozinho.

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