HEBE – A ESTRELA DO BRASIL

Cartaz do filme HEBE – A ESTRELA DO BRASIL

Opinião

Biografias de gente famosa nos surpreendem quando conseguem contar parte da história que a gente ainda não conhece. Ou quando o roteiro é capaz de fazer um recorte da vida daquela pessoa com tantas andanças, escolher uma etapa e fazer dela o retrato do essencial. Daquilo que faz aquela pessoa ser única. Hebe – A Estrela do Brasil tem isso. E é isso, ao lado de Andréa Beltrão no papel da apresentadora de televisão, que fazem o filme ser uma grata surpresa.

Não espere encontrar uma Hebe de imitação – “no momento em que a roteirista Carolina Kotscho me convida pro filme, ela já me liberta da imitação”, diz Andréa. “Afinal de contas, tem muitas atrizes muito mais parecidas com a Hebe do que eu.” A Hebe da Andréa, na visão do diretor Maurício Farias, seu marido, é da formadora de opinião que entra em cena com microfone na mão pra falar pro Brasil todo, pra todas as camadas, mas também da mulher, que se recolhe depois de um dia de trabalho, volta pra casa e esquenta o jantar pro filho. “Uma das cenas que mais me emociona no filme – além daquela do Roberto Carlos -, é a cena em que Hebe está no carro, dirigindo, voltando pra casa”, conta Andréa na entrevista coletiva depois da exibição do filme para jornalistas. Sim, é uma cena linda. Hebe sai de cena, apagam-se as luzes e o som, a cidade dorme e ela entra na cena da vida real, da mulher que tem problemas como todos nós, inclusive um casamento abusivo e violento, e muito álcool. Este é um lado que a televisão não mostrou, ofuscada pelas joias, fama, glamour, influência.

Também não espere uma biografia linear, da Hebe pequena até a morte. Um momento específico dos anos 1980 é escolhido pra falar do diferencial da apresentadora como alguém que não se curvava diante da censura, da pressão empresarial. E pra mostra um momento específico do Brasil. “Fiz um recorte em um momento em que a Hebe trasborda”, diz Carolina. “É um momento de transformação, do país e da sua vida pessoal e profissional”. De fato, ali a gente vê a essência da Hebe irreverente, sim, mas sobretudo corajosa. “Comecei a escrever esse roteiro há cinco anos, num momento de celebração – aprovação do casamento homossexual, do movimento Me Too, do feminismo”, conta Carolina. “Era pra dizer onde isso começou, pra pensar que tipo de reflexão a história da Hebe nos traz nos dias de hoje.”

Com voz e postura firmes, sempre com muito brilho, Hebe – A Estrela do Brasil acerta em contar a história de quem vê dos bastidores e convida a entrar no palco junto. Andrea também convida – quando olha pra câmera e para o telespectador com cumplicidade. Sem papas na língua, igual à Hebe não há.

 

 

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