GRANDE DEMAIS PARA QUEBRAR – Too Big to Fail

Cartaz do filme GRANDE DEMAIS PARA QUEBRAR – Too Big to Fail

Opinião

Os bancos americanos são tão grandes que não podem virar pó do dia para a noite. O estrago seria avassalador, não só para o sistema financeiro americano, mas também para toda a economia mundial. A expressão em inglês “too big to fail” é usada justamente em situações como essa de 2008, quando eles ficaram na corda bamba por causa da bolha imobiliária, gerada pela falta de regulamentação do mercado financeiro americano, por sua vez gerada pela ganância desmesurada dos executivos, que enchem o bolso com bônus milionários, a um custo e risco muito altos do lado de quem não tem como se defender.

Tudo isso é explicado no filme, eu diria, de uma maneira até que didática – muito embora seja sempre um assunto árduo para quem não é do meio. Diferente do ótimo documentário Trabalho Interno, vencedor do Oscar na categoria, sobre o mesmo assunto, Grande Demais para Quebrar usa a linguagem técnica sim, mas o faz de modo a facilitar a nossa vida. Explica porque os cidadãos comuns passaram a investir suas economias em imóveis, como os bancos incentivaram os empréstimos, supervalorizaram as transações, amarraram as seguradoras no processo, investiram em transações de alto risco, encheram o bolso de dinheiro e levaram à falência vários bancos importantes e milhares de cidadãos americanos quando a situação ficou insustentável.

Com elenco forte, liderado por Henry Paulson, presidente do FED, o Banco Central americano, na pele de William Hurt (também em Filhos do Silêncio, Late Bloomers, Syriana, Robin Hood), o filme mostra o interessante jogo de interesses entre os banqueiros, que se veem na eminência de quebrar e provocar um colapso sem precedentes, do Congresso americano, que precisa votar de acordo com os interesses eleitoreiros, do FED, que falhou em deixar as rédeas da economia nas mãos das raposas e agora precisa correr para salvar o rebanho. Claro que Paulson não é o bonzinho que o filme pinta – mesmo porque já tinha estado à frente de um dos grandes bancos americanos e, consequentemente, ganho milhões com isso. Mas é retratado como sendo o arquiteto de um acordo improvável de salvamento dos bancos e da gigante seguradora AIG, no último minuto antes do colapso da economia.

Assim como em Margin Call – O Dia Antes do Fim, é interessante conhecer os bastidores de algo que foge da nossa esfera de atuação, mas que nos atinge ferroz e diretamente. Desconte aquilo que é ficção ou exagero, atenha-se ao que vivemos. Parece tudo muito lógico – inclusive essa grande estratégia trágica do capitalismo a qualquer custo.

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