FIRST THEY KILLED MY FATHER

Cartaz do filme FIRST THEY KILLED MY FATHER

Opinião

Loung Ung tinha cinco anos e uma infância tranquila no Camboja em 1975, quando o Khmer Vermelho tomou o poder e a população ficou à mercê dos genocidas comunistas. Assim como milhares de outras famílias, a sua teve de deixar tudo e seguir para o interior, para viver nos campos de trabalho forçado. Seu pai foi assassinado (o timing de isso acontecer é um pouco esquisito), os irmãos separados, as vidas esfaceladas pela violência sem fim. Ativista e escritora, roteirizou com Angelina Jolie sua biografia e o resultado foi este filme, marcante principalmente pela intensidade da protagonista e pela força da história de extermínio em si, é claro.

Filme assim prescinde de muitas explicações. O olhar da atriz Sareum Srey Moch já transmite o principal e muitas vezes os diálogos subestimam o entendimento do espectador. Explicar o começo, como se chegou naquela situação e o que os Estados Unidos tem a ver com essa história, é de bom tamanho – nunca é demais situar historicamente. Depois, era seguir o fluxo do drama. Angelina tem ligação pessoal como Camboja, tem um filho adotivo do país e é ativista – bem interessante ver uma atriz como ela, mobilizadora e formadora de opinião, investir em histórias de peso histórico e humanitário. Tem escorregadas que beiram o brega, mas já bem menos do que em Invencível – também história real, também de superação. Aqui ela parece menos preocupada ficar na zona de conforto e confia um pouco mais no seu taco.

Só esquece a cena final, combinado? Então, ok. É um bom filme, da Netflix, portanto nem foi pro cinema. Melhor assim, cumpre seu papel. Concorre ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, mas que fiquem bem claro que não chega aos pés de Uma Mulher Fantástica e The Square. Nem aos pés.

Trailers

Comentários